As manifestações durante a solenidade
de apresentação da nova direção destacaram a importância da Fetrafi-RS para a
organização do movimento sindical bancário no RS e os desafios da entidade para
o próximo período, entre os quais se incluem a unidade da categoria, a defesa
da democracia e a preparação da Campanha Salarial 2016.
O presidente do SindBancários,
Everton Gimenis, afirmou que a atual conjuntura política do País prenuncia
ataques à classe trabalhadora. "Já estão sendo gestados no Congresso vários
projetos que tiram direitos dos trabalhadores, incluindo a reforma da
Previdência, a questão do negociado sobre o legislado, a terceirização que já
foi aprovada na Câmara e vai para o Senado e outras matérias de cunho social que
nos atingem. Nós só temos uma condição de enfrentar tudo isso: é com muita
unidade e muita luta”, analisa.
Segundo o dirigente sindical, a
categoria sempre foi vanguarda e esteve na linha de frente nas lutas políticas
e sociais desde a Ditadura, no enfrentamento às privatizações, à reforma da previdência
e nos últimos anos contra a terceirização. "Essa nova direção da Fetrafi-RS tem
a responsabilidade de unificar a nossa luta, rompendo com o corporativismo e
unindo forças com os trabalhadores de todas as categorias. Todos os temas que
eu citei que estão na pauta do Congresso são temas gerais. Tenho certeza que o 12º
Congresso elegeu uma diretoria capaz de enfrentar os desafios que virão pela
frente”, salientou Gimenis.
O representante da CUT Nacional,
Quintino Severo, também falou sobre o papel de resistência dos trabalhadores
diante do ataque ao governo democrático e no combate aos retrocessos, que se
consolidam através do Congresso Nacional. "Todas as direções que tomarão posse
no próximo período terão o desafio de combater o golpe. Neste momento se
reafirma aqui a necessidade da classe trabalhadora se preparar para enfrentar
esta guerra. Perdemos uma batalha para este congresso corrupto e golpista no
domingo passado, mas precisamos convencer os trabalhadores que o pior virá pela
frente. A nossa primeira tarefa é transformar o 1º de Maio no grande dia de
defesa da classe trabalhadora e de combate ao golpe”, convocou o dirigente da
CUT.
Inovando a dinâmica de pronunciamentos
em solenidades oficiais, a Fetrafi-RS convidou a secretária da entidade, Cida
Oliveira a se manifestar em nome da equipe de funcionários. "É com muito
orgulho que estamos aqui para andar lado a lado com a direção da Fetrafi-RS,
nesta sede maravilhosa, construída com tanta dedicação e empenho pelos
bancários. Estou aqui há 24 anos, auxiliando a diretoria junto com os demais
colegas. Com certeza, os novos diretores poderão contar sempre conosco para
enfrentar todos desafios ao longo da próxima gestão”, afirmou Cida.
O presidente da Contraf/CUT falou
sobre o compromisso da nova direção da Fetrafi-RS com a luta dos trabalhadores,
bancários e bancárias. "É evidente que esta direção assume num momento de
conjuntura difícil. Trata-se de um momento equivalente a 1964, onde as elites
do Brasil retiraram um presidente, aniquilaram e neutralizaram os prováveis
candidatos a uma próxima eleição e atacaram os direitos de trabalhadores e
trabalhadoras. Fica muito claro que o ataque de hoje não é somente à
companheira Dilma e ao Lula. Não é à toa que a sede do golpe em São Paulo, que
os movimentos e os atos são na Paulista, na frente da Fiesp. Eles são financiados pela Associação Comercial
de São Paulo, pela Fiesp e pelas multinacionais norte-americanas, que mantêm os
movimentos Brasil Livre e ONGs, que estão organizando os movimentos para tentar
legitimar o golpe nas ruas”, denunciou o presidente da Contraf/CUT.
Betão relembrou do escracho da
votação do impeachment da presidente Dilma na Câmara, através das manifestações
ridículas de parlamentares que diziam votar em nome da família, da religião e
até pelo mais conhecido torturador da ditadura militar, General Ustra. "O povo
não ouviu daqueles deputados o objetivo e o foco daquele voto, que era um
possível crime de responsabilidade. Eles não tiveram coragem de falar isso
porque não tinha e porque não tem crime de responsabilidade”, salientou.
O dirigente sindical ainda denunciou
a função golpista da mídia conservadora, que instigou cinicamente um público
que é a cara dela e que representa hoje uma população branca, heterossexual e
que tem dinheiro. Esse foi o retrato das marchas e das comemorações a favor do
golpe. As outras marchas que fizeram a resistência tinham negros, quilombolas,
trabalhadores, operários, índios, as centrais sindicais e os movimentos
sociais. É uma diferença muito grande de qualidade”, ponderou.
Betão destacou que a Contraf/CUT
convocou o Comando Nacional para uma reunião na segunda-feira, 25, para
discutir conjuntura e mobilização para o próximo período e a construção de um
1º de Maio de resistência heróica. "Vamos mostrar aos senadores que não aceitaremos
golpe. Vamos dizer até o minuto final que não vai ter golpe, vai ter luta”,
finalizou.
O diretor de Comunicação da Fetrafi-RS,
Juberlei Bacelo, falou em nome da nova direção da entidade. "Nós chegamos ao
dia de hoje após a realização de um Congresso construído com a participação de
cerca de três mil bancários e bancárias, que debateram nas assembleias, que
elegeram suas delegações ao debate maior que fizemos aqui, neste mesmo espaço e
que elegeu a nova direção. Com muito orgulho estamos tomando posse nesta nova
sede, que representa a vitória de uma luta travada coletivamente junto com os
sindicatos. No entanto, não basta termos este grande prédio, se não
conseguirmos transformar isto aqui em um espaço de reflexão e mobilização para
o conjunto da classe trabalhadora e para aqueles que acreditam na construção de
uma sociedade mais justa e igualitária”, destacou o sindicalista.
Quanto à conjuntura política atual,
Juberlei ressaltou que muitas vezes a luta sindical é construída a partir de
derrotas. "Nós compreendemos o que está acontecendo hoje no país, que é
resultado de uma crise de uma visão/interesse do capital nacional e
internacional de resolver a sua crise econômica em cima da classe trabalhadora
e da maioria dos brasileiros. Esse é o golpe que está em curso. Enfrentamos o
debate de dizer à categoria que não estávamos defendendo um governo ou partido,
mas a democracia que nos permite ir às ruas todos os anos no mês de setembro e
enfrentar nossos patrões na campanha salarial”.
O dirigente sindical também denunciou
o golpismo da mídia brasileira. "O resultado da derrota de domingo pôde ser
visto quando os grandes meios de comunicação, que têm sido os porta-vozes dos
golpistas, tiveram que esconder suas mobilizações. Nós conseguimos mobilizar a
cativar um público maior do que aqueles que não querem direitos, mas
privilégios. Tenho certeza que a imprensa deve ter considerado um erro a transmissão
ao vivo da votação no Congresso Nacional. Nós já sabíamos que aquele parlamento
não nos representa, mas ele foi desnudado para o conjunto da população
brasileira. Por isso, agora além de lutar contra o golpe é o momento de lutar
pela reforma política brasileira e por um Congresso que represente a
diversidade do povo brasileiro ao contrário do parlamento homofóbico, machista
e racista que foi mostrado no último domingo. Tenho certeza de que muitos estão
repensando sua posição sobre o impeachment a partir da votação”.
Juberlei disse ainda que a nova
direção da Fetrafi-RS está comprometida com a luta pela democracia e por uma
sociedade que não tenha os banqueiros e os donos dos meios de comunicação a
mandar e manipular os próprios trabalhadores. "Esses são os desafios de uma
entidade que tem uma filiação à CUT, mas que representa muito mais do que isso.
Temos orgulho de dizer que enquanto outros Estados têm mais de uma federação,
nós aqui temos uma única e esta unidade nós mostramos sempre a todas a
organizações. Nosso compromisso com a luta da transformação passa hoje pela denúncia
desse sistema político e dos interesses por trás do golpe. Desejo a todos durante
os próximos três anos, muita sorte, muita disposição e muito vigor para que
representemos bem o conjunto de bancários e bancárias do nosso Estado”,
finalizou o diretor de Comunicação da Fetrafi-RS. *Comunicação/Fetrafi-RS
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