O PL 555/2015 foi debatido nesta terça-feira, 22 de
setembro, em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa do Senado. A proposta cria a Lei das Estatais e tem potencial
para ameaçar os rumos da Caixa, da Petrobras, dos Correios, do BNDES, entre
outras. Diante dos riscos, a mobilização contra o projeto tem se intensificado
nos últimos dias, liderada por Fenae, CUT, Contraf e CTB, entre outras
entidades.
|
O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, participou da
reunião. Para ele, a proposta pavimenta o caminho para a abertura de capital da
Caixa. "Se o banco deixar de ser 100% público e se transformar em sociedade
anônima, haverá, entre outros danos, o engessamento da atuação na execução de
políticas públicas. O mercado está preocupado em garantir os recursos dos seus
investidores. Não está preocupado com o cidadão. O país melhorou muito nos
últimos anos, e a Caixa foi protagonista. Não podemos retroceder”, afirmou.
Maria Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho
de Administração da Caixa, destacou que é preciso retirar a urgência para que o
projeto seja discutido com a sociedade e os trabalhadores das empresas
abrangidas. "A chamada Lei de Responsabilidade das Estatais é norteada pelo
modelo privatista. Os meios de comunicação vendem uma falsa imagem de que a
privatização é o caminho para moralizar a gestão. Como se os modelos privados
fossem a sétima maravilha do mundo, como se as empresas privadas não tivessem
sérios problemas de governança e até mesmo de transparência”, avaliou.
Jacy Afonso, da CUT, também pediu a suspensão do regime de
urgência do PL 555. "O projeto tramita em um momento de fragilidade na imagem
das empresas estatais”, disse. João Antônio de Moraes, da Federação Única dos
Petroleiros (FUP), observou: "Restrições à participação no CA de pessoas com
filiação sindical e partidária é retrocesso e perseguição”, acrescentou.
Juliana Donato, representante dos funcionários do Banco do Brasil, frisou:
"projetos da Agenda Brasil, como esse, atacam direitos trabalhistas e elevam o
lucro dos banqueiros. A maioria da população é contra as privatizações, é
contra a entrega do patrimônio público”.
Compromisso de Paim
A audiência pública foi requerida pelo senador Paulo Paim
(PT-RS), após compromisso assumido no dia 10 de setembro, quando recebeu, em
seu gabinete, Jair Pedro Ferreira, Maria Rita Serrano e a diretora de
Comunicação e Imprensa da Fenae, Natascha Brayner. O parlamentar também já apresentou
emenda ao PL, sugerida pela Federação, que exclui a Caixa da aplicação do
projeto. Paim prometeu dialogar com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), autor
da atual versão do PL, com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e com
líderes partidários para aprofundar o debate. *Fenae com Agência Senado
|