"O governo da companheira Dilma não vai ficar ruim o
tempo todo. O Brasil não vai perder para Alemanha, de sete a um, todas as
vezes. A Dilma sabe que as dificuldades precisam ser superadas, sabe que tem
que apresentar projetos. A Petrobras não tem que ficar o tempo todo discutindo
Lava-Jato, precisa desenvolver o pré-sal. Eu estou convencido que esta angústia
será superada," avaliou Lula.
O ex-presidente elogiou o protagonismo dos bancários. Disse ter uma excelente
relação com o movimento sindical. "Nunca pedi para não protestarem, não
fazerem greve. O que vocês não podem é estar mal com os trabalhadores. Podem
estar mal com a Dilma, com o Lula, mas não com sua categoria".
Lula pediu aos dirigentes para levantarem a cabeça. "Vocês são líderes,
são porta-vozes que falam para outras pessoas. Eu queria que, ao sair deste
encontro, vocês soubessem que não há espaço para voltar de cabeça baixa para
seus locais de trabalho. É preciso reconhecer que o momento é difícil, mas
também que nós seremos os responsáveis para sair dessa situação."
O ex-presidente também criticou o comportamento de adversários políticos.
"O que não podemos permitir é que aqueles que perderam se comportem como
se tivessem ganhado. E nós que ganhamos, como se tivéssemos perdido".
O trabalhador não pode ser penalizado
Antes da fala de Lula, o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten,
abriu o seminário agradecendo a presença dos dirigentes, os quais chamou de
"lutadores dos movimentos sociais e sindicais."
Roberto, no entanto, comentou que logo no início do segundo mandato da
presidenta Dilma Rousseff os trabalhadores tiveram um dissabor. "Após a
eleição, veio o anúncio do ministério. Não era o que imaginávamos. Depois, as
MPs 664 e 665 retirando direitos dos trabalhadores. E, em seguida, o plano Levy
de reajuste fiscal. Vamos deixar claro que não aprovamos um plano de ajuste que
penalize o trabalhador. Queremos a taxação das grandes fortunas, que os ricos
contribuam com sua parte. Que tenha uma reforma tributária e redistribuição de
renda."
Roberto ressaltou, no entanto, que o governo Dilma é o mais próximo do
trabalhador. "Somos parceiros do governo, sabemos que esta escolha tinha
responsabilidade e um preço. Mas, estaremos nas ruas para defender, junto com a
CUT, o direito dos trabalhadores na paralisação do dia 29 contra o PL
4330."
Enfrentamento
Já Vagner Freitas, presidente da CUT, afirmou que é um momento importante de
enfrentamento de classe do Brasil. "Nós temos capacidade de dar condições
para Dilma governar e avançar para quem mais precisa. Porém, essa opção nos
custou a reação da direita, uma briga de classe, e um enfrentamentos das
desconstruções das políticas públicas voltadas para a população"
Freitas lembrou que a paralisação no dia 29 será por avanços e não ao retrocesso.
"Nosso mote é contra a direita por mais direitos."
Mais crédito
Juvandia Moreira, vice-presidente da Contraf-CUT e presidenta do Sindicato dos
Bancários de São Paulo, afirmou que o seminário é importante para nortear a
Confederação nos próximos três anos. "Temos de encontrar uma forma para
que o sistema financeiro cumpra o seu papel. Pois, atualmente, nosso sistema
mais tira dinheiro da economia do que ajuda. Seria importante que o sistema não
cobrasse taxa de juros tão altas, além das inúmeras tarifas bancárias. Assim,
geraria mais emprego, além de ajudar o cenário econômico do País." *Contraf/CUT
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