No dia 7 de dezembro, domingo, o empresário Omar Najar
(PMDB) venceu as eleições para a prefeitura de Americana, município com 226 mil
habitantes no interior de São Paulo. A mídia chapa-branca, servil ao governador
Geraldo Alckmin, deu pouca atenção para o pleito fora de época. O motivo é
simples: o prefeito Diego De Nadai, do PSDB, foi cassado por graves denúncias
de corrupção. Na sua seletividade, a chamada grande imprensa, sempre tão
"neutra e imparcial", prefere encobrir escândalos envolvendo caciques
tucanos. As manchetes são garrafais apenas para os políticos de esquerda. Desta
forma, a mídia hegemônica estimula na sociedade o ódio doentio, quase fascista,
ao PT e ao chamado "lulopetismo”.
Durante várias semanas, a cidade de Americana ficou acéfala.
Na ausência do prefeito, sacos de lixos se acumularam nas ruas, pronto socorros
ficaram fechados e a merenda não foi entregue nas escolas. A população sofreu e
os protestos viraram rotina no município, a 127 quilômetros da capital
paulista. Os jornalões e as emissoras de rádio e televisão, porém, não deram
maior atenção a este sofrimento.
O prefeito cassado sempre foi ligado ao governador Geraldo
Alckmin. Sua cassação foi uma verdadeira novela, apesar das provas de
irregularidades na prestação de contas da eleição de outubro de 2012.
Desgastado, o PSDB preferiu não lançar candidato e, oportunista, apoiou o
industrial eleito. Pobre Americana!
São inúmeros os casos de políticos tucanos cassados ou
envolvidos em corrupção que não merecem as manchetes da mídia "imparcial”. Em
abril passado, o governador Siqueira Campos, do Tocantins, renunciou ao cargo
para escapar da cassação. Pesavam sobre o histórico chefão do PSDB várias
denúncias de desvio de recursos do Estado.
A renúncia foi uma manobra para garantir a candidatura de
Eduardo Siqueira Campos, filho do tucano, ao governo estadual. Ele justificou a
manobra alegando que a medida foi tomada "com o propósito de continuar servindo
ao bravo povo tocantinense, respeitando as normas sobre inelegibilidade
definidas pela Constituição Federal”. A mídia nunca fez alarde com este caso
bizarro!
A seletividade é a regra. O deputado Carlos Alberto Lereia,
do PSDB de Goiás, foi flagrado em negociações com o mafioso Carlinhos Cachoeira.
A Câmara Federal até cogitou sua cassação. Em abril passado, ele até foi
suspenso e o caso sumiu do noticiário. Já o ex-governador e ex-senador Eduardo
Azeredo, que inaugurou o esquema do "mensalão” com o publicitário Marcos
Valério, renunciou ao mandato de deputado federal para evitar seu julgamento no
STF.
Na sequência, ele também desapareceu da mídia – que sempre
tratou o escândalo de "mensalão mineiro” – e não tucano. Cadê o tal "jornalismo
investigativo” da grande imprensa? Cadê as suas famosas campanhas moralistas de
linchamento público?
E tem gente que acredita que Globo, Folha, Estadão e Veja
ainda farão uma investigação isenta sobre o "trensalão tucano” em São Paulo ou
sobre o "aecioporto” em Minas Gerais. A mídia hegemônica nunca investigou a fundo
as denúncias de corrupção no processo da privataria – até porque ela sempre
defendeu a privatização das estatais.
Ela também evitou dar continuidade às apurações sobre a
compra de votos na reeleição de FHC – que sempre foi seu protegido. A
escandalização da política, com suas manchetes garrafais e diárias, servem
apenas para atacar os que não rezam da sua cartilha. Não há qualquer
imparcialidade ou isenção no jornalismo. A mídia tem dono e defende sua classe! *Altamiro Borges - Carta Maior
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