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Documentário do SindBancários consagra coragem da luta contra assédio moral
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Sindicatos | 09/09/2014 | 16:09:02
Documentário do SindBancários consagra coragem da luta contra assédio moral
Problema virou epidemia no mundo do trabalho
 
 

A sessão de estreia do documentário "Quem Está Doente é o Banco – A verdade sobre assédio moral”, na noite da segunda-feira, 8/9, no CineBancários, não confirmou apenas o que a gente, no Sindicato, sabe sobre sofrimento dos bancários em seus locais de trabalho. Da voz de agentes dos mais variados campos de atuação do trabalho em debate após a primeira exibição pública do filme, emergiu um discurso de exaltação da coragem. E não estamos falando apenas da coragem de dirigentes sindicais de elevar o assédio moral ao status de causador de sofrimento e compreendê-lo como instrumento de exploração do trabalhador há 20 anos. Falamos de uma coragem única, daquela de quem se joga no abismo de um assunto que o Sindicato aborda há anos, mas que tem ainda pouca ressonância. A coragem é coletiva de manter a luta contra essa chaga que virou epidemia no mundo do trabalho.


O documentário é completo. Produzido pelo Coletivo Catarse, o filme deixa clara a relação de causa e efeito entre assédio moral e casos de afastamento por adoecimento psíquico. Os personagens reais contam suas histórias de sofrimento. Sofrimento, aliás, que, muitas vezes, nem sabiam que estavam passando. "Tem uma luta de classes envolvida nessa evidência que o assédio moral se tornou como causador de sofrimento no ambiente do trabalho. A gente só consegue avançar se compreender que os patrões nos exploram. Nós damos colo e ombro para chorar no Sindicato. Mas não para ficar se lamentando. É para construir a luta de forma coletiva”, disse o ex-presidente do SindBancários, Mauro Salles (2011-2014), abrindo os trabalhos do debate posterior à exibição do filme em uma sessão lotada.

Veja aqui galeria de fotos da sessão de estreia e do debate.

Aliás, é preciso abrir um parêntese aqui. Após a estreia, a plateia, formada a maioria por bancários e integrantes do Grupo de Ação Solidária (GAS), do SindBancários, parecia atônita. De um lado, a estruturação do assédio moral nos ambientes de trabalho dos bancários e a prova dele no afastamento e nas histórias de vida dos bancários que deram depoimentos no filme, soam como um soco no estômago. De outro lado, a beleza estética da produção, com direito a um maravilhoso sol do Guaíba a ilustrar a esperança e a importância de manter a temperatura da luta muito alta contra o assédio moral.

"Esse filme é um trabalho coletivo que a gente faz. Fizemos em um ano. A participação da Catarse é dar um pouco de visibilidade às pessoas que ajudam a mudar o mundo. Aprendemos muito. Só temos a agradecer aos bancários que participaram. É um ato de extrema coragem. Motivo de orgulho e muito aprendizado. Imaginava que quem trabalhava no banco estava no ar-condicionado. Quando conhecemos a realidade, encontramos gente de coragem, que estuda, que trabalha muito”, disse Marcelo Cougo, do Coletivo Catarse.

Retribuição e agradecimento ao Sindicato

O bancário Rodrigo Rodrigues é um dos exemplos da coragem a que todos se referiram durante o debate. A história que Rodrigo conta é de quem sempre gostou de ser bancário. Pode-se dizer que ele ainda gostaria, mas os dois tiros que levou em um assalto o levaram ao sofrimento. Não dava para continuar. Curiosamente, ele disse que não fez nenhum ato de coragem ao trazer seu sofrimento a público. Corajosamente, ele diz que só tem a agradecer. Falando em nome dos colegas que participaram do filme, o discurso de Rodrigo é exemplar.

Que aprendamos com o seu exemplo. "Não considero a participação no filme um ato de coragem. É um ato de retribuição por tudo aquilo que o Sindicato fez por nós. Aproveito para dizer que vivemos um momento crucial. O país pode ter uma virada de jogo. Abre-se, nesta eleição, a oportunidade para a terceirização tomar frente no nosso país. É obrigação minha retribuir. Nós bancários somos iluminados por termos o nosso Sindicato ao nosso lado”, avaliou ele, acrescentando que setores da Justiça do Trabalho, como o MPT (Ministério Público do Trabalho) fazem um excelente trabalho e que é preciso que a população conheça melhor seus direitos.

Desconhecimento profundo?


A juíza auxiliar da Corregedoria do TRT 4ª Região, Andrea Nocchi, reconhece que a Justiça do Trabalho ainda precisa ampliar conhecimento a respeito do assédio moral que é usado como ferramenta de gestão para explorar os trabalhadores. E precisa entender também que essa forma de organização do trabalho tem produzido uma verdadeira epidemia de doenças psicológicas. Mas é preciso que se entenda que juízes são trabalhadores. Que, mesmo sendo servidores públicos, têm metas a cumprir.

"Os juízes do trabalho desconhecem a profundidade desse problema. Ainda estamos nos qualificando para enfrentar o assédio moral, sofrimento mental que são fenômenos que chegaram mais recentemente à Justiça com maior frequência. Estamos num processo de construção desse conhecimento. Acredito que boa parte de nós, juízes, que somos trabalhadores e temos metas a cumprir, como servidores, estamos cientes do efeito danosos que a terceirização vem causando, como doenças, acidentes e cancelamento de direitos. Juízes do Trabalho estão na luta contra o PL 4330”, observa Andrea.

Mudança de abordagem na psicologia

A doutora em psicologia da UFRGS, Maria da Graça Jacques, conhece os bancários e a origem da estruturação do sofrimento psíquico. Ela estuda esse efeito e acompanha pesquisas que o SindBancários produziu em parceria com a UFRGS. A psicologia que ela escolheu é aquela que não apenas subjetiva a doença. Há uma clara relação de causa, bem documentada e provada, entre trabalho e saúde (sofrimento, adoecimento) mental. Aliás, o sofrimento psíquico é a maior causa de afastamento do trabalho desde que foi descoberto entre as décadas de 1970 e 1980.


"Precisamos explicitar essas denúncias de assédio moral e percorrer o caminho teórico. O sofrimento psíquico não é só pessoal, da minha história de vida. A minha história de vida encontra o mundo do trabalho. Nessa história de vida se depara com essa relação doentia”, explicou.


Maria da Graça ilustra o assédio moral, historiando um caso. Diz ela que teve contato com um jovem do interior do Estado que veio para a Grande Porto Alegre. Logo, ele encontrou emprego em uma metalúrgica. O primeiro contato do jovem metalúrgico com o chefe foi animador. Ouviu do superior que ganharia aumento e promoção em um ano se "trabalhasse direitinho”. Passado este ano, ele voltou ao chefe e perguntou qual seria a promoção. "O chefe disse que ele era um burro e que deveria pastar na grama em frente à metalúrgica. Ele não conseguiu responder nada. Deu um nó na garganta e adoeceu”, contou Maria da Graça. Adoeceu.


Segundo ela, a primeira vez que se fez relação saúde e sofrimento mental foi em 1954, com a categoria dos telefonistas. "A origem do problema é a organização do trabalho. Os bancários tiveram a coragem de enfrentar o problema com a luta do Sindicato. Este documentário é de denúncia e nos diz que temos de avançar. O trabalho que o SindBancários fez tem que ser levado adiante. Este filme vai ajudar muito a dar visibilidade a essa luta”, acrescenta.

Doentes que precisam saber que estão doentes

O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, alertou o público do debate para um problema que perpassa a categoria bancária. Os bancários ainda não reconhecem totalmente, apesar da visibilidade que a luta do Sindicato tem na categoria, o assédio moral e o sofrimento psíquico como doenças decorrente da forma como o trabalho se organiza. Gimenis contou a história de um bancário que teve que ficar afastado por problemas de saúde do trabalho e, quando voltou à ativa, enfrentou a desconfiança dos colegas.

"Tivemos um caso de sequestro no início do mês passado de um colega em uma agência bancária de Porto Alegre. Mesmo depois de todo o sofrimento do colega que ficou com a família refém por várias horas, o banco queria manter a agência aberta e demitir a vítima, porque ela entregou o dinheiro à quadrilha que tinha sua família como refém. Os bancários precisam saber também que o colega se afastou não porque ele é fraco, mas porque está doente. Há bancários que estão sofrendo, estão doentes e não sabem. Por isso este filme é importante para a nossa categoria”, avaliou Gimenis.

*Imprensa/SindBancários

 
 
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