A seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS)
decidiu na última sexta-feira (21) que irá buscar, a partir desta semana,
apoios para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na
Assembleia Legislativa (AL) para investigar o destino dos recursos direcionados
para a área de Segurança Pública pelo governo do Estado e se houve,
eventualmente, utilização indevida ou omissão dessas verbas. A decisão foi
tomada em reunião do Colégio de Presidentes de Subseções da OAB-RS, que
representa as 106 subseções da entidade e mais de 100 mil advogados. |
Entre as justificativas para percorrer este caminho, a OAB
aponta o aumento de 34,8% no número de latrocínios (roubo seguido de morte) no
primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Para
o presidente da seccional, Ricardo Breier, o governo Sartori jácomanda o
Estado há quase dois anos sem ter apresentado medidas eficazes para a segurança
pública e sequer um projeto de políticas para o setor.
"Por isso vamos provocar uma CPI para investigar se existe
omissão do governo do Estado e saber onde estão sendo investidos os recursos da
Segurança Pública. Também precisamos saber se existem políticas preventivas e
se o Estado vem cumprindo o dever de gestionar sobre Segurança Pública. É
necessário priorizar essa área em nosso Estado, pois os cidadãos estão pagando
com as suas próprias vidas essa conta”, diz, em nota divulgada pela OAB.
A OAB também critica o governo Sartori em relação à situação
dos presídios no Estado,apontada como prioritária pelo secretário Cezar
Schirmer quando tomou posse no cargo, no início de setembro. Quase dois meses
depois, no entanto, ainda não houve nenhum avanço em termos de abertura de
novas vagas.
Pelo contrário, na semana passada, o Sindicato dos
Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil do RS (Ugeirm)
denunciou que, em decorrência da falta de vagas e da superlotação de
delegacias, viaturas da Brigada Militar estavam sendo utilizadas como celas
para abrigar traficantes presos na quarta-feira (19).
Para Isaac Ortiz, presidente da entidade, as delegacias já
estão com suas celas ocupadas acima do limite aceitável, gerando riscos de
motins. "Nós temos uma responsabilidade com a integridade dos policiais e da
população. Uma rebelião ou um motim em uma DPPA será uma verdadeira tragédia.
Já aceitamos presos além do recomendável. Enquanto as carceragens estiverem
superlotadas, os policiais devem se negar a efetuar flagrantes e novas prisões.
Se o governador não cumpre a decisão do TJ, que manda esvaziar as carceragens
das delegacias, nós temos a obrigação de cumprir a lei. Nós estamos do lado da
lei e da responsabilidade. O irresponsável está no Palácio Piratini, que está
cometendo crime de responsabilidade ao descumprir decisões judiciais”, diz
Ortiz.
A OAB-RS ainda defende que o tema da segurança pública seja
tratado como uma questão de Estado e não apenas de um governo, o que vem
fazendo com que políticas implementadas por uma gestão se percam com a troca no
comando do Piratini. "Estamos cansados de que cada governo eleito crie a sua
política. Temos que pensar em bases sólidas, para que cada governador que sente
naquela cadeira respeite o mínimo de princípios de Segurança Pública, se
comprometa e entenda que essa é uma área coletiva”, afirma Breier.
Para esta quinta-feira (27), a OAB-RS está convocando
representantes de 71 entidades ligadas a área de segurança pública (que
participaram de audiência pública promovida pela OAB em julho) para endossar o
pedido de CPI e mostrar que este é um pedido de toda a sociedade, não apenas da
seccional. A partir da semana que vem, deve então passar a coletar as
assinaturas necessárias dos deputados estaduais para abrir a CPI. *Sul21 |