Há duas tendências se firmando na economia.
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A primeira, a constatação do refluxo das tentativas de impeachment.
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O grande trunfo de Dilma Rousseff é uma oposição extraordinariamente medíocre, que se move disputando espaço nas manchetes da mídia.
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De repente, há espaço para a radicalização, e lá se vão os Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, José Serra, Carlos Sampaio, Mendonça Filho com a disposição dos jovens carbonários, disputando quem range mais os dentes. Aí Marina Silva percebe que o contraponto é acenar com o bom senso. E acena.
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De repente, o impeachment reflui. Toca então esse brilho fugaz de nome Carlos Sampaio a entrar com o pedido de extinção do PT. Só isso! E FHC é ouvido para contrapor que a vitória deve ser nas urnas, não no tapetão. E a multidão de áulicos olha reverencialmente para esse conselheiro Acácio dos tempos modernos.
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Aí Marina se dá conta de que poucos continuam falando do impeachment. Então o contraponto para ganhar manchetes é radicalizar novamente. E tome Marina, Cristóvão, Marta.
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É inacreditável como o mundo politico e jornalístico despregou-se totalmente do mundo real. Parecem vaqueiros bêbados e armados em saloons do Velho Oeste, atirando em qualquer sombra que passe pela porta. É tão grande o vácuo de ideias, que a institucionalidade se rege, agora, pelas manchetes de jornais. E as alianças se consolidam pelo recurso à lisonja.
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É o caso do prêmio de O Globo para as pessoas que fazem a diferença... para as Organizações Globo. A contemplada foi a futura presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Carmen Lúcia, cuja obra de maior repercussão em 2015 foi uma frase tão grandiloquente quanto inútil:Â “O crime não vencerá a Justiça”, no voto que confirmou a decisão de Teori Zavaski, de manter presos o senador Delcídio do Amaral e o banqueiro André Esteves. Quando Teori concedeu o habeas corpus a Esteves, significa então que o crime venceu?
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Esse jogo demagógico, a busca do aplauso fácil, da consagração em torno de frases fáceis, tornou-se uma constante que não perdoa sequer Ministros do Supremo. E o oportunismo dos jornais, de abrir espaço para qualquer asneira, praticamente matou os filtros que poderiam permitir um mínimo de racionalidade nas discussões políticas e econômicas.
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O que tem de procuradores, delegados, dizendo o que os jornais querem, para fazer jus a uma manchete ou a uma premiação futura, e posar para a foto com os prêmios, que colocarão em suas salas de visitas, tornou a discussão institucional brasileira um pregão de feira livre, com donas de casa alvoroçadas disputando a xepa.
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Do seu lado, a presidente só se pronuncia quando julga que alguma crítica ou decisão atinge sua augusta autoridade pessoal. Não se vê como poder institucional, como responsável pela condução do país.
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País de provincianos, sem um mínimo de noção de bem público. Quando se compara com a qualidade dos homens públicos dos anos 50, dá um desânimo enorme.
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A segunda tendência se firmando é que há espaço para que o governo Dilma apresente uma proposta minimamente viável de condução do país.
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Nas próximas semanas se saberá se esse vácuo aberto pela oposição será preenchido com um mínimo de protagonismo do governo.
Fonte: Carta Maior