"O ineditismo pode gerar algumas dúvidas na categoria, que podem e
devem ser esclarecidas pelos dirigentes sindicais. Nosso papel é
contribuir para que os bancários tenham total consciência dos rumos da
campanha deste e ano e da importância que foi a realização do acordo que
valerá até 2018”, disse Roberto von der Osten, presidente da
Contraf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários.
Depois de uma longa greve de 31 dias, o acordo assinado no ano
passado definiu o reajuste salarial de 8% mais abono de R$ 3,5 mil para
2016. No vale-alimentação a correção foi de 15% e, no vale-refeição e
auxílio creche/babá, de 10%. Para 2017, o reajuste vai repor
integralmente a inflação (INPC/IBGE) e garantir mais 1% de aumento real
nos salários e em todas as verbas.
O presidente da Contraf-CUT ressalta que o acordo de dois anos foi um
acerto da categoria. "Estamos em uma conjuntura socioeconômica e
política muito difícil para a classe trabalhadora. Vemos ataques quase
que diários aos direitos sociais e trabalhistas. No ano passado
conseguimos prever essa situação e optamos por realizar um acordo que,
mesmo nesta crise, garante para este aumento real para todos os
bancários do país”, disse. "O governo Temer já anunciou que os bancários
da Caixa (Econômica Federal) e do BB (Banco do Brasil) serão,
possivelmente, os únicos funcionários públicos federais que terão
reajuste acima da inflação em 2017, por causa de acordo firmado no ano
passado”, completou o dirigente sindical.
..... > Acordo de dois anos evita perdas salariais dos bancários
Eixos da campanha Com o acordo de dois anos, os bancários não entregarão uma minuta de
reivindicações da categoria para a Fenaban. "Nossa Convenção Coletiva
será renovada automaticamente. Os bancários receberão salários e vales
referentes a setembro já reajustados, o mesmo acontecerá com a PLR e
demais verbas, que serão pagas na data acertada com o reajuste”,
explicou von der Osten. "Por não termos que brigar pelo reajuste,
conseguiremos fazer uma campanha em defesa do emprego e de direitos. Por
isso, já estamos negociando com os bancos em cima da nova legislação
trabalhista. Nosso intuito é evitar a redução de postos de trabalho, a
precarização do emprego e a redução dos direitos da categoria”, afirmou.
..... > Comando Nacional apresenta termo de compromisso contra malefícios da reforma trabalhista à Fenaban
O presidente da Contraf-CUT disse ainda que, neste ano, os debates
serão aprofundados nas mesas permanentes de negociação sobre Saúde do
Trabalhador, Igualdade de Oportunidades, Segurança Bancária e Prevenção
de Conflitos. "São temas tão importantes quanto os definidos nas
chamadas cláusulas econômicas. Muitos dos direitos que hoje constam na
nossa Convenção, foram conquistados a partir de negociações realizadas
nas mesas permanentes, que existem desde nossa primeira CCT Nacional”,
explicou.
Defesa da democracia e dos direitos Desde quando assumiu a presidência da República, mesmo no período em que
exercia o cargo interinamente, Michel Temer tratou de acelerar um
processo de mudanças na atuação política e na legislação do país. Ambas
causam diversos impactos na vida dos trabalhadores e da população que
mais necessita de auxílio do governo. Aprovou um "teto de gastos” do
governo que, na prática, reduz drasticamente os investimentos em saúde,
educação, infraestrutura e transportes, entre outras políticas sociais.
Algumas das consequências desta medida já podem ser vistas nos cortes
promovidos em programas governamentais como o Minha Casa Minha Vida,
Bolsa Família, Ciência Sem Fronteiras, Fies, ProUni, entre outros.
Outro feito do governo Temer foi a aprovação da Lei das Terceirizações (Lei 13.429/2017),
que regulamentou a contratação de trabalhadores terceirizados até mesmo
para as atividades-fim em empresas públicas e privadas.
Temer também aprovou a nova Lei Trabalhista (Lei 13.467/2017),
que promove alterações na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e
retira diversos direitos dos trabalhadores em benefício da classe
empresarial.
..... > Reforma Trabalhista pode alterar mais de 40 cláusulas da CCT dos bancários em 2018
O próximo passo, é a aprovação da reforma da Previdência, que, como
proposta pelo governo, será, na verdade, o desmonte da Previdência
Social.
"Temer joga muito sujo. Libera recursos federais para os deputados e
senadores para que estes aprovem tudo o que o governo quiser. Mas, vamos
continuar pressionando. Estes caras foram colocados em seus mandatos
com votos do povo. Estamos mostrando para os eleitores quem é que está
votando contra seus interesses. Em 2018, temos que tirar todo o lixo que
está no Congresso”, disse o presidente da Contraf-CUT.
Para o presidente da Contraf-CUT, Temer não tem legitimidade para
fazer as mudanças que está fazendo. "Esse presidente chegou ao poder
depois de um golpe, que derrubou uma presidenta eleita com mais de 54
milhões de votos, sem que houvesse qualquer irregularidade que
justificasse a sua derrubada. Ele não tem legitimidade para fazer
qualquer coisa. Ainda mais provocar mudanças profundas no país, que
prejudicam somente a classe trabalhadora e aquelas pessoas que mais
necessitam de auxilio governamental. Vamos lutar até o fim para
derrubá-lo e para que sejam realizadas eleições diretas para
substituí-lo. Mais do que isso, vamos lutar para que sejam revertidas as
meditas tomadas e revogadas as leis promulgadas em seu exercício, que
beneficiam apenas a classe empresarial”, afirmou.
Defesa dos bancos públicos Outra linha da Campanha Nacional dos Bancários em 2017 é a defesa das empresas públicas e especificamente dos bancos públicos.
O governo Temer está promovendo um verdadeiro desmonte nos bancos
públicos, com redução do quadro de pessoal, fechamento de agências e a
mudança na forma de atuação. "Os bancos públicos estão perdendo o
caráter público. Estão deixando de investir no desenvolvimento social e
econômico do país e passaram a estar preocupados com o lucro. A intenção
é fazer com que se tornem desnecessários para a sociedade e possam ser
privatizados sem que ninguém reclame”, explicou o presidente da
Contraf-CUT.
O governo reduziu o capital que o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) tinha disponível para financiamentos e
alterou a taxa de juros ao criar a Taxa de Longo Prazo (TLP), que é
calculada pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mais
a taxa de juros real prefixada com base no rendimento das Notas do
Tesouro Nacional – Série B, para substituir a Taxa de Juros de Longo
Prazo, que é calculada pela meta de inflação, mais prêmio de risco. Na
prática, o governo tirou o subsídio dado ao investimento no setor
produtivo.
Com a Caixa e o BB, está reduzindo o quadro de pessoal,
principalmente pela utilização de planos de demissão voluntária e
incentivo à aposentadoria, sem a recomposição por meio de convocação de
aprovados em concurso público. Agências consideradas não lucrativas
estão sendo fechadas e os trabalhadores remanejados para outras
unidades, acarretando perdas na remuneração, longos deslocamentos para o
trabalho, separação das famílias. Cidades onde havia apenas uma agência
de um dos bancos públicos estão ficando sem banco e a população tendo
que se deslocar a outros municípios para contar com os serviços de uma
agência bancária.
A Caixa perdeu capacidade de financiamento habitacional. O governo
pretende descentralizar o controle dos recursos do FGTS, que eram
utilizados pelo banco para financiamento de políticas sociais, como a
construção de moradias e a garantia de renda mínima, entre outras. O
Banco do Brasil, perdeu o poder de financiamento rural, mudanças na
remuneração da LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) tirou a
atratividade do investimento e reduziu o volume de recursos do banco.
"Tudo isso mostra que nossa campanha em defesa dos bancos públicos
não é uma reivindicação apenas corporativista, para preservar o emprego
da categoria. É uma campanha em defesa do caráter público dos bancos, de
sua capacidade de contribuir com o desenvolvimento social e econômico
do país”, concluiu o presidente da Contraf-CUT. *Contraf/CUT |