A trajetória do golpe e do regime de exceção sofre um abalo irreversível, com um poder destrutivo devastador.
O acontecimento é uma evidência incontestável da degradação do sistema
judiciário brasileiro, que levou o país ao nocaute atacando
seletivamente os petistas, ao mesmo tempo em que permitiu o assalto ao
Poder por uma bandidagem política.
Os donos da empresa JBS, que gravaram a conversa incriminadora do Temer, também gravaram o pedido de R$ 2 milhões
feito por Aécio Neves, o canalha que repetiu em 2014 o papel
conspirativo desempenhado por Carlos Lacerda em 1954, que levou ao
suicídio de Getúlio Vargas e interrompeu uma rica etapa de
desenvolvimento nacional soberano.
No caso do Aécio, o divulgado tem
agravantes: a PF filmou o momento em que o dinheiro de corrupção cobrado
por Aécio foi entregue a um primo dele e, mais grave: a PF rastreou o
dinheiro, e descobriu que o mesmo foi depositado numa empresa do também
Senador tucano Zezé Perrella, o dono do helicóptero carregado de 450 kg
de pasta base de cocaína que desapareceu da realidade, dos inquéritos da
PF, das investigações do MP e do noticiário da mídia golpista.
Este escândalo, que erode os pilares
do golpe – a camarilha de Temer e o PSDB – não somente encerra o governo
golpista, mas põe fim à empreitada golpista, ao regime de exceção, e
obriga à imediata suspensão das reformas antinacionais e antipopulares
que tramitam no Congresso ilegítimo.
Qualquer decisão que não seja a
pronta restauração do Estado de Direito e da democracia no Brasil deverá
ser respondida com a desobediência civil aberta, com a radicalização da
luta democrática e com o desconhecimento de qualquer saída que não seja
a de convocação de eleições diretas imediatamente.
Ou democracia ou desobediência civil! Diretas já ou desobediência civil!
*Jeferson Miola é integrante do Instituto de Debates,
Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo
do 5º Fórum Social Mundial. Imagem: EBC
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