A atividade foi organizada pelas frentes Brasil Popular e
Povo Sem Medo, integradas pelas CUT-RS, CTB-RS, Intersindical, MST, movimentos
sociais e partidos de esquerda. Os pronunciamentos das entidades, intercalados
com apresentações culturais, alertaram os trabalhadores sobre as ameaças de
retrocessos caso o golpe seja consumado no Senado.
Querem acabar com a CLT
Para o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, o ato foi
vitorioso. "Nós conseguimos ampliar a luta e lançamos o dia nacional de atos,
protestos, greves e paralisações que será realizado no próximo dia 10”,
destacou. "Se consumarem o golpe, o bicho vai pegar”, avisou.
Claudir lembrou o histórico do 1º de Maio, relatando que, em
1886, teve início uma greve geral em Chicago, nos Estados Unidos, que foi
reprimida fortemente pelo poder público, gerando mortes provocadas pela
polícia. "Foi um massacre”, apontou. "Naquela época, ainda havia escravos no
Brasil e somente dois anos foram supostamente libertados. A burguesia nunca
esteve a favor dos trabalhadores e hoje estamos nas ruas para denunciar o golpe
financiado pelos patrões”, frisou.
Ele ressaltou que o golpe é simbolizado pelo pato da Fiesp.
"Eles não querem acabar com a corrupção, mas a pauta dos golpistas é acabar com
a CLT, os direitos trabalhistas e sociais”, enfatizou. "Temos que mexer com o
poder econômico para evitar o golpe no Senado, pois o Temer se jogou nos braços
das elites para fazer o serviço dos golpistas”, assinalou.
"Aqui no Estado sabemos o que é troca de partido. Bastou o
Sartori entrar para ver que a população foi feita de trouxa, pois tivemos
salários parcelados, aumento de impostos e mais insegurança. É preciso acordar
os trabalhadores”, salientou Claudir.
Segundo ele, "quem foi às ruas para pedir o fim da corrupção
está envergonhado, porque viu que eles não querem acabar com a corrupção, e sim
acabar com a CLT e os direitos trabalhistas”.
O dirigente da CUT-RS concluiu dizendo que, "se eles
consumarem o golpe, estaremos nas ruas para trazer a democracia de volta”.
Defesa da democracia e dos direitos trabalhistas e sociais
O ato na capital gaúcha reuniu lideranças partidárias.
Christopher Goulart (PDT) mencionou que a data é importante para os
trabalhistas e homenageou seu avô, o ex-presidente João Goulart, destituído
pelo golpe de 1964. "Foi ele quem concedeu aumento de 100% aos trabalhadores,
implantou o décimo terceiro salário. Esse projeto reformista foi objeto do
golpe de 64, e hoje a situação é muito parecida. E esse é o motivo pelo qual
estamos na rua hoje”, afirmou.
Antes da votação do impeachment na Câmara de Deputados, o
PDT havia definido em executiva nacional que se posicionaria contra o
impeachment, mas alguns parlamentares optaram por votar a favor, o que
ocasionou abertura de processos de expulsão do partido.
Além do PCdoB, aliado histórico do PT, também votou
integralmente contra o PSOL, o qual teve representantes no ato deste domingo.
Berna Menezes, que falou em nome da executiva nacional do partido, destacou
queos direitos trabalhistas foram "conquistados com suor, com luta”, e
não "dados por um governo”. "É por isso que é na rua e na luta que vamos
conquistar mais e manter esses direitos”, defendeu.
A deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB) lembrou que a
luta "não é por um governo, pois governos são apenas instrumentos para
conseguirmos mais conquistas”. Ela também saudou os deputados federais, os
quais ela classificou como "heróis que denunciaram o golpe na Câmara Federal”.
Para ela, "dizer não ao golpe é dizer sim aos direitos da classe trabalhadora.
Ainda estamos no primeiro degrau, mas é só a partir daí que vamos conseguir
conquistar os outros”.
O presidente estadual do PT, Ary Vanazzi, destacou que, caso
Dilma seja destituída, "quem vai pagar a conta é o trabalhador”. Ele também
lembrou que muitos dos parlamentares que estão na linha de frente do golpe
estão sendo eles mesmos investigados por corrupção. "Queremos ter o direito de
ter voz e de sermos respeitados. Vamos derrubá-los: se não for no Congresso,
vai ser nas ruas. Vamos construir nossa luta, nossa história, e derrubar a
burguesia”, completou.
O presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, classificou os
deputados que defendem o impeachment como "quadrilha que representa o
conservadorismo”, apontando o papel do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB), e de Temer. "Não podemos aceitar que eles tenham seu projeto
implantado. Tivemos avanços e eles não aceitam isso. Querem acabar com a CLT e
com os direitos dos trabalhadores”, afirmou.
Para Guiomar, um possível governo Temer não seria de
"transição”, mas sim de "traição nacional”, porque quer aplicar "as propostas
derrotadas no último pleito”.
Um dos momentos em que essa união ficou mais visível foi
quando os cantores Lili e Bruno entoaram "Apesar de Você”, de Chico Buarque,
que foi acompanhada por grande parte dos manifestantes presentes. Em seguida,
também cantaram "Meu coração é vermelho” e uma adaptação de "Não deixe o samba
morrer”. A música ficou assim: "Não deixe o sonho morrer, nem a mudança acabar.
O povo não sente mais fome e tem casa pra morar”.
Houve ainda uma homenagem para os deputados federais e
estaduais que defendem a democracia.
Ao final, uma apresentação da escola de samba Imperatriz
Leopoldina encerrou o ato com muita animação e energia.
*CUT/RS
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