O presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, destacou, entre
vários dados, que o número de empregados cresceu nos últimos anos, mas sem
acompanhar o ritmo de abertura de agências e o avanço de clientes e de
operações. "De 2003 a julho de 2015, o quadro de trabalhadores foi reforçado em
70%. Já o total de agências dobrou e a base de clientes aumentou em quase 300%.
Isso sem contar o pagamento de benefícios sociais, trabalhistas e
previdenciários. A realidade hoje nas unidades é de sobrecarga e adoecimento”,
disse.
Fabiana Matheus, coordenadora da Comissão Executiva dos
Empregados (CEE/Caixa), que assessora a Contraf-CUT e o Comando Nacional dos
Bancários, observou que a Caixa tem hoje o mesmo quantitativo de trabalhadores
que em 2003. "Há 12 anos, eram 56 mil empregados e quase 51 mil terceirizados.
Após Termos de Ajustamento de Conduta assinados em 2004 e 2008 com o Ministério
Público, o banco reduziu essas contratações fraudulentas, mas não admitiu
concursados na mesma proporção. No entanto, se tornou o terceiro maior banco do
Brasil e o maior agente de políticas públicas, o que aumentou a demanda nas
unidades”, afirmou.
André Martins Silva, que preside a comissão dos aprovados no
concurso público de 2014, lembrou que este foi o maior certame já realizado no
país, com mais de 1,1 milhão de inscritos. "Desse total, apenas 33 mil foram
aprovados, dos quais somente 9,6% foram convocados e 7,54% foram efetivamente
contratados. A Caixa alega que é difícil contratar por conta do momento
econômico. Ela que nos desculpe, mas a parte mais difícil ficou mesmo com quem
se dedicou, estudou e está frustrado. Queremos que não haja um novo concurso
até que esses aprovados sejam admitidos numa quantidade razoável”, frisou.
Almir Márcio Gabriel, gerente nacional de Informações
Corporativas da Caixa Econômica Federal, e Noel Dorival Giacomitti, diretor
substituto do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais
(Dest), se limitaram a enaltecer que o crescimento do quadro funcional foi
melhor que de outras instituições.
Wandeir Severo, diretor do Sindicato dos Bancários de
Brasília, cobrou o cumprimento do ACT 2014/2015 pelo banco. "Quando o acordo
foi assinado e a empresa se comprometeu a contratar 2 mil novos empregados,
tínhamos 101 mil trabalhadores. Entendemos, portanto, que ela tem até dezembro
para chegar aos 103 mil, ou seja, faltam pelo menos 5 mil”, explicou. Ele
acrescentou: "também é inadmissível que a Caixa, que deveria ser exemplo,
descumpra a legislação que exige o mínimo de 5% de empregados portadores de
deficiência. Hoje, esse índice é de 1,29%”.
Já a deputada Erika Kokay fez questão de ressaltar o lucro
da Caixa no primeiro semestre de 2015: R$ 3,5 bilhões. "Não podemos admitir que
uma empresa que lucra desta forma, que se orgulha de ser o terceiro maior banco
do país, abra agências com quatro, cinco empregados, e tenha trabalhadores que
não sabem a hora que vão terminar o trabalhar e ir para casa. A categoria e os
milhares de concursados que foram aprovados merecem respeito. Sugiro que a
Comissão de Trabalho realize audiência com a presidente da Caixa”, disse.
O deputado Daniel Almeida se comprometeu a agendar a reunião
com Miriam Belchior. "Diante da importância do tema, será muito importante
ouvi-la, bem como o ministro do Planejamento, que também será convidado. A
Comissão de Trabalho e a Frente Parlamentar em Defesa da Caixa têm bastante
interesse nesse debate, que é de interesse de todos os brasileiros. Os
empregados, os sindicatos, a Fenae e os concursados podem contar com os
parlamentares nessa luta por mais contratações”, garantiu.
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