A entidade defendeu que o desenvolvimento de políticas
públicas relacionadas ao Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo e de
desenvolvimento humano e social para crianças e adolescentes poderia ser muito
mais efetiva ao responder às preocupações da população em questões de segurança
pública, "resultando em benefícios para toda a sociedade”. "A violência, em
sendo um fenômeno de múltiplas causas, demanda, para sua solução, a adoção de
políticas públicas de segurança cidadã com abordagem integral”, continuou a
nota.
Retomando estatísticas sobre a realidade social, educacional
e econômica dos adolescentes em conflito coma lei, a ONU ressaltou que a
redução da maioridade penal contraria os preceitos para o fortalecimento das
trajetórias de adolescentes e jovens, "representando um retrocesso aos direitos
humanos, à justiça social e ao desenvolvimento socioeconômico do país”. A Nações
Unidas já havia se posicionado contra a redução da maioridade penal em 11 de
maio deste ano.
Para a entidade aumentar o encarceramento não vai resolver o
problema da violência. "A violência, em sendo um fenômeno de múltiplas
causas, demanda, para sua solução, a adoção de políticas públicas de segurança
cidadã com abordagem integral", destacou.
Estudos recentes do Instituto de Pesquisas Econômicas
Aplicadas (Ipea) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), indicam
que a maior parte dos adolescentes cumprindo medidas de internação apresentavam
baixa escolaridade, abandono escolar, grave situação de pobreza, entre outras
características que indicam contextos de vulnerabilidade social e/ou de
violação de direitos.
Além disso, a carta da ONU destaca que entre o total de
adolescentes brasileiros entre 12 e 18 anos, 38% "viviam em situação de pobreza”.
"No campo educacional, 1,6 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos estavam
fora da escola em 2013 e, neste período, apenas 54% conseguiram concluir o
ensino médio até os 19 anos”, segue o documento, que destaca ainda a
dificuldade dos jovens em encontrar trabalho e os baixos salários pagos a eles.
"Quando o Estado provê meios, condições e oportunidades para
que adolescentes e jovens acessem seus direitos, diminui a vulnerabilidade
social vivenciada por eles/elas, suas famílias e comunidades, reduzindo
drasticamente os riscos de infração. Possibilita a quebra dos ciclos
intergeracionais de violência e pobreza e a redução das situações de violência
e negligência social que podem estar relacionadas ao ato infracional”, diz a
nota.
Também é lembrado que, apesar de serem tidos como os
principais responsáveis pela violência e os crimes graves no país, adolescentes
são mais vítimas do que autores. Dados oficiais mostram que, dos 21 milhões de
adolescentes que vivem no Brasil, 0,013% cometeu atos contra a vida, ao passo
que os homicídios são a causa de 36,5% das mortes de adolescentes.
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