"Devido à forte estrutura, os grandes bancos concentram
a maior parte dos investidores e dos recursos e conseguem cobrar taxas de
administração mais altas em fundos DI e de renda fixa", diz o diretor da
Queluz Investimentos, Luiz Monteiro.
De acordo com os dados dos respectivos balanços publicados relativos ao
primeiro trimestre de 2015, a evolução do patrimônio líquido dos clientes nos
últimos 12 meses até março último favoreceu o aumento das receitas com taxas de
administração mesmo num período de baixa captação líquida (entrada de novos
recursos).
No líder Banco do Brasil, o patrimônio líquido administrado cresceu 15% para o
montante de R$ 594,84 bilhões, enquanto as receitas avançaram 15,2% e atingiram
R$ 1,081 bilhão no trimestre.
Na sequência, o Bradesco apresentou evolução de 12,1% no patrimônio
administrado para R$ 492,4 bilhões, enquanto as receitas avançaram 11,2% e
alcançaram R$ 625 milhões nos primeiros três meses do ano.
Na terceira posição em arrecadação com tarifas sobre os fundos, o Itaú teve um
crescimento de 10,9% em patrimônio líquido para o montante de R$ 695 bilhões,
mas as receitas recolhidas dos clientes ficaram praticamente estáveis em
relação a igual período do ano passado, em R$ 508 milhões no primeiro trimestre
de 2015.
Ainda entre as grandes instituições financeiras brasileiras de capital aberto,
o BTG Pactual exibiu um aumento de 14,2% no patrimônio administrado para R$
215,4 bilhões, mas as receitas da área de asset management recuaram 22,8% para
R$ 270 milhões.
Nesse último exemplo, o BTG Pactual já havia explicado em teleconferência com
analistas que nesse primeiro trimestre houve uma menor cobrança de tarifas
sobre a performance (rentabilidade) dos fundos, predominando as receitas com
taxas de administração que consideram o volume presente nas carteiras.
"As receitas ficaram abaixo em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
A redução das receitas reflete o menor reconhecimento de taxas de performance.
As taxas de administração continuaram a crescer", disse o diretor
financeiro do BTG Pactual, Marcelo Kalim, em teleconferência.
Diferentemente dos grandes bancos de varejo que são mais concentrados em renda
fixa de perfil mais conservador, o BTG Pactual (de perfil de banco de
investimentos) trabalha com fundos mais arriscados de renda variável, onde se
pode cobrar taxas de performance (sobre a rentabilidade) na entrega de
resultados aos clientes.
Segundo Luiz Monteiro, diretor da Queluz Investimentos, devido aos juros altos
no Brasil, os grandes bancos de varejo conseguem entre retorno aos clientes em
fundos mais conservadores. "O investidor está correndo para o DI",
diz.
Ao se considerar o período de 12 meses até março (relativo aos balanços
publicados dos bancos), as carteiras de DI haviam apresentado uma valorização
média de 11,4%, e as de renda fixa, de 12%. Em outras palavras, a evolução do
patrimônio líquido dos fundos nos 3 principais bancos de varejo de capital
aberto - Banco do Brasil, Bradesco e Itaú - está mais relacionada a preferência
do investidor brasileiro por aplicações conservadoras.
Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de
Capitais (Anbima) relativos ao fechamento de março mostravam que o Banco do
Brasil possuía R$ 540 bilhões em ativos de renda fixa (91% de seu total
administrado. Na sequência, o Itaú registrava R$ 411,8 bilhões em ativos de
renda fixa somados com mais R$ 62,9 bilhões da Intrag nesses papéis, ou seja
68,3% do total administrado.
Já o Bradesco registrava R$ 327,5 bilhões em ativos de renda fixa, mais o
volume de R$ 125,3 bilhões na gestora Bem, que somados representam R$ 452,8
bilhões, ou 92% do total de recursos administrados.
Esse perfil conservador explica o avanço do patrimônio líquido em 12 meses até
março, e retorno melhor em receitas do Banco do Brasil e do Bradesco. Essas
duas instituições preferiram aplicar mais de 90% dos recursos de seus clientes
em papéis de renda fixa como: títulos públicos federais, operações
compromissadas lastreadas em títulos públicos, certificados de depósitobancário
(CDBs), letras financeiras, e em menor grau em títulos privados de renda fixa
como debêntures.
*DCI
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