Em entrevista à Rádio Brasil Atual na manhã desta quinta-feira (7), a médica sanitarista e especialista em saúde do trabalho Maria Maeno
criticou a adoção pelo Banco do Brasil de um projeto que prevê serviços home
office das áreas administrativas, o que poderá fazer os funcionários
destes setores ficarem disponíveis 24 horas por dia, nos sete dias da semana,
para o atendimento aos clientes. Segundo a especialista, além de ser
inconstitucional, a medida causará prejuízos físicos e psíquicos aos
trabalhadores
"É muito lógico que temos de ter horário para repouso,
tendo alternância entre dia e noite, pois temos necessidades físicas e
psíquicas. Precisamos desligar e não podemos ficar atento o tempo todo. A
pessoa pode até dormir, mas será acordada, sendo estimulada a responder (aos
clientes) a todo momento. Isso cria ansiedade. E o direito à saúde é direito
constitucional", explica.
Para Maeno, os trabalhadores não têm escolha, já que se
recusarem assumir a tarefa, provavelmente serão demitidos. Ela também aponta a
crescente precarização e desumanização geral das condições de trabalho,
diferentemente do que se previa até recentemente. "Há alguns anos,
achávamos que os recursos tecnológicos iriam ajudar a diminuir o tempo de
trabalho, e permitir que as pessoas pudessem se dedicar mais à família e
ao lazer. E o que temos visto é que os recursos tecnológicos servem para
intensificar e aumentar a jornada de trabalho."
O novo projeto do Banco do Brasil, além de aumentar a carga
horária, estipula uma meta 15% maior de produtividade – medida em vendas de
produtos como seguros, cartões de crédito, financiamentos, aplicações etc.