No discurso que proferiu na solenidade de abertura oficial
do 9° Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT (que vai até sexta-feira 17),
em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, Lula defendeu a retomada do
diálogo com o Congresso como estratégia de luta pelos direitos da legislação
trabalhista brasileira depende de diálogo. "As conquistas foram com muita
luta. Certamente o Eduardo Cunha não sabe. Alguns deputados novos também não
sabem", disse, sobre o presidente da Câmara dos Deputados, do PMDB do Rio
de Janeiro e principal líder parlamentar contra o governo.
"Ao invés de 'dar de barato' que eles já sabem e estão
de má fé, acho que temos de conversar com todos eles e mostrar o que significa
efetivamente a aprovação dessa lei. É negar tudo o que foi conquistado em anos
e anos de luta."
Antes, o assessor especial da Secretaria-Geral da
Presidência da República José Lopez Feijóo afirmou que "o PL 4330 é o AI-5
da classe trabalhadora", em alusão ao Ato Institucional baixado pelo
governo militar, em 1968, que levou o país ao período mais agudo da ditadura,
com a supressão aos direitos civis e democráticos.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que o papel dos
trabalhadores "é fazer enfrentamento (com setores da no Congresso) o tempo
todo.” O dirigente declarou que esse enfrentamento "contra a intolerância,
o golpismo e a ideia do impeachment" estará presente nas manifestações
desta quarta-feira (15) – Dia Nacional de Paralisação contra a
Terceirização, convocado pela CUT, demais centrais e movimentos sociais. "O
grande alvo das manifestações é derrotar o PL 4330. Podem até tentar derrotar
os trabalhadores no Congresso, mas não nas ruas. Nas ruas nós vamos
derrotá-los", disse Freitas.
Lula comentou as manifestações de setores conservadores do
último domingo, os ataques à Petrobras, as acusações de corrupção vinculadas à
estatal e dirigidas ao PT, e afirmou que o pessimismo sobre o futuro do país se
localiza principalmente em São Paulo.
"Esse pessimismo não é do Brasil inteiro, não. Ele é mais de São Paulo. Eu
acho que os sindicatos de São Paulo deveriam fazer uma pesquisa: eu acho que
São Paulo está em recessão há muito tempo. Eles querem jogar esse mau
humor para o Brasil inteiro?"
Sobre as manifestações contra o governo disse: "Essa
gente deveria ter reivindicado mais educação quando eles governaram. Este país
levou 100 anos para ter 3 milhões de alunos na universidade. Em apenas 12 anos
chegamos a mais de 7,5 milhões. Em 12 anos fizemos mais do que eles fizeram
num século. É isso que incomoda?", questionou.
Lula exortou os trabalhadores a defender o governo Dilma
lembrando o ano de 2005, quando surgiram as denúncias relacionadas ao chamado
"mensalão". "Começaram a tentar fazer comigo o que estão fazendo
agora. Eles já estavam até falando em impeachment."
Uma carta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na época,
lançou o mote "mexeu com Lula, mexeu comigo", o que, segundo ele, foi
decisivo para animar a militância e afastar a defesa do impeachment pelos
mesmos setores que hoje querem interromper o mandato de Dilma.
Segundo Lula, a classe trabalhadora não pode "permitir
que a infâmia, o mau-caratismo de algumas pessoas venham querer destruir um
projeto político que a duras penas começamos a construir".
Ele reconheceu que o país passa por dificuldades econômicas
e defendeu a necessidade de o governo federal promover ajustes. "Sabemos
que a situação não é das melhores. Mas na vida é assim. Quem é que já não fez
um ajustezinho na sua casa?"
Petrobrás
No discurso, o ex-presidente defendeu a Petrobras e lembrou que as ações da
companhia subiram quase 20% nos últimos quatro pregões da Bovespa, a Bolsa de
Valores de São Paulo. "A Petrobras vai quebrar? A Petrobrás vai quebrar a
cara deles", ironizou. "O dia que a Petrobras aprovar o balanço,
vocês vão ver o que vai acontecer com as ações. Aliás, já subiu 20% nesses
dias."
As ações preferenciais da estatal fecharam em alta (1,79%) nesta terça-feira
(14). As ações ordinárias acumularam alta de 17,9% nos últimos quatro pregões. *Rede Brasil Atual
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