Rodrigues classificou as conversas mantidas com
representantes destes e de outros órgãos de "epidérmicas". Sem entrar
em muitos detalhes, o jornalista afirmou que para divulgar as informações
precisa atender aos critérios estabelecidos pela associação internacional de
jornalistas investigativos – que primeiramente teve acesso à lista – e que os
nomes dos correntistas só serão divulgados se forem de pessoas sobre as quais
exista um "interesse público” de divulgá-los. Acrescentou que, mesmo assim,
essa divulgação só ocorrerá após todos serem ouvidos e prestarem seus
esclarecimentos.
Ele criticou a divulgação de alguns nomes pela Receita
Federal para determinados veículos, feita recentemente. Destacou que as
informações foram "seletivas" e ainda por cima "apresentaram
imprecisões quanto aos valores existentes nas contas dos correntistas que
tiveram seus nomes expostos".
'Conheço as CPIs'
Diante da solicitação de vários dos senadores para que
entregasse a lista e os dados que já dispõe à CPI com o compromisso de que as
informações seriam mantidas em caráter sigiloso, como forma de ajudar nas
apurações destes parlamentares, o jornalista se recusou. Disse que ficava até
mesmo "sensibilizado” com o pedido dos parlamentares e que acredita na intenção
deles de manter a tutela dos dados com responsabilidade.
Mas em função da sua profissão, já acompanhou muitas CPIs,
nos últimos anos, e considera "uma temeridade" da sua parte atender
ao pedido, "sabendo como funciona o Congresso Nacional e as CPIs".
Fernando Rodrigues argumentou, ainda, que os dados estarão disponíveis para os
parlamentares por meio do governo francês que não se opõe a oferecer todos os
nomes.
'Responsabilidade e obrigação'
O presidente da CPI, senador Paulo Rocha (PT-BA), rebateu
Fernando Rodrigues diante da sua recusa. Rocha afirmou que não tem problema ele
negar a lista, porque a presidência da comissão tem "a responsabilidade e
a obrigação" de requerer a relação, independente da vontade dele e do
critério da associação internacional de jornalistas investigativos para dar
publicidade a tais nomes.
Rodrigues disse que entende a posição do senador Paulo Rocha
e que ele está certo. Ressaltou que os senadores "têm obrigação de solicitar
estas informações” e repetiu que a forma "mais correta, célere e produtiva
para a CPI” é a busca pelo governo francês.
Rocha reiterou que o Senado tem o compromisso de guardar
toda informação sigilosa com responsabilidade e que, no encaminhamento dos
trabalhos da comissão, vai atuar no sentido de fazer com que qualquer
informação não seja divulgada com o intuito de ser utilizada "por
interesses de disputa política ou de qualquer outro tipo".
Durante a instalação da comissão, na última terça-feira,
Paulo Rocha já tinha dito que irá fazer de tudo para evitar que a CPI seja
"palco de espetáculos”. "É preciso que as investigações aconteçam com
equilíbrio, segurança, serenidade e responsabilidade e é por isso que vou
lutar”, acentuou.
A reunião teve início às 8h30 e durou mais de três horas.
Foi dividida em duas etapas, de forma a possibilitar que, além do depoimento
dos convidados, os senadores também pudessem apreciar requerimentos. Eles
aprovaram, antes de ouvir Rodrigues e o jornalista Chico Otávio, deO
Globo, um plano de trabalho para a CPI para os próximos 180 dias. *RBA
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