A intenção, disse o senador, é "desmantelar pela raiz” um
grande esquema criminoso. "Esse escândalo é de dimensão mundial. De acordo
com oFinancial Times, trata-se do maior caso de evasão fiscal do mundo. É
necessário que o Parlamento brasileiro também se manifeste e instaure um
procedimento de investigação", afirmou Randolfe.
O líder do PSB, senador João Capiberibe (AP), disse entender
como prudente o fato de os senadores assinarem o pedido. Para ele, os
escândalos da Petrobras já estão sendo investigados pela Polícia Federal e pelo
Ministério Público, motivo pelo qual o partido resolveu esperar a conclusão das
investigações.
"A do HSBC não tem processo judicial em curso, não tem
investigação em curso, não tem nada. Eu acho que talvez seja o caso de o
Senado pensar numa CPI", ponderou Capiberibe.
O senador José Pimentel (PT-CE), líder do governo no
Congresso, informou ter assinado o requerimento. Segundo o senador, o Brasil
está em um momento de combater a sonegação e de aumentar a formalização nos
vários setores da economia, motivo pelo qual a CPI é importante. Para ele, a legislação
do sistema financeiro já é muito avançada, mas pode passar por
aperfeiçoamentos.
"É exatamente por isso que eu assinei essa CPI. Além de
identificar aqueles que cometeram erros, o que eu quero, principalmente, é
construir uma legislação para superar essas falhas", afirmou o senador.
Sobre a habitual polarização entre governo e período
eleitoral nas CPIs, Pimentel disse esperar que a investigação não se limite a
isso. O período, diz o senador, favorece o trabalho da CPI, já que é início de
legislatura e as próximas eleições só serão realizadas no ano que vem.
R$ 7 bilhões
Conforme noticiado pela imprensa internacional, o banco HSBC
na Suíça atuou de forma fraudulenta para acobertar recursos de clientes,
blindando-os das obrigações fiscais e da comprovação da origem dos recursos,
práticas que poderiam indicar atividades criminosas.
O escândalo, conhecido comoSwissleaks, tem como fonte
original um especialista em informática do HSBC, o franco-italiano Hervé
Falciani. Segundo ele, entre os correntistas, estão8.667 brasileiros,
responsáveis por 6.606 contas que movimentam, entre 2006 e 2007, cerca de US$ 7
bilhões, que em grande parte podem ter sido ocultados do fisco brasileiro.
Na justificativa do pedido de CPI, Randolfe diz se tratar de
"um arrojado esquema de acobertamento da instituição financeira,
operacionalizado na Suíça, que beneficiou mais de 106 mil correntistas”, de
mais de 100 nacionalidades. O total de recursos manejados dentro do esquema,
segundo Randolfe, pode superar US$ 100 bilhões, no período de 1998 a 2007.
Para Randolfe, a lista dos titulares das contas certamente
guarda estreita relação com outras redes de escândalos do crime organizado do
país e do mundo. O senador lamentou que "o escândalo do Suiçalão” venha sendo
sistematicamente ignorado pelos grandes veículos de comunicação no Brasil.
Segundo Randolfe, essa seletividade denuncia o envolvimento de personagens
poderosos, que podem sempre se servir da benevolência de setores da imprensa. *Rede Brasil Atual
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