> Clique aqui para ver os gráficos e tabelas da pesquisa.
São Paulo (20), Rio de Janeiro (8), Goiás (5), Minas Gerais (4), Paraná (4) e
Pernambuco (4) foram os estados com o maior número de mortes.
As principais ocorrências (48,5%) foram o crime de "saidinha de
banco", que provocou 32 mortes; o assalto a correspondentes bancários
(24,2%), que matou 16 pessoas; o transporte de valores (13,6%, que vitimou 9
pessoas, e o assalto a agências (10,6%), que tirou a vida de 7 pessoas. Houve
também 2 mortes em ataques a caixas eletrônicos.
Novamente, as principais vítimas (54,5%) foram os clientes (36), seguidas de
vigilantes (10) e policiais (8). As demais mortes são de transeuntes, donos ou
empregados de correspondentes bancários e vítimas de balas perdidas em
tiroteios entre assaltantes de bancos e policiais.
A pesquisa também revela a faixa etária das vítimas, quase sempre identificada
nas notícias da imprensa. As idades entre 31 a 40 anos e acima de 60 anos foram
as mais visadas, com 14 mortes cada (21,2%), seguida pela idade de 41 a 50
anos, com 13 mortes (19,7%), e a idade até 30 anos, com 9 mortes (13,6%).
Já o gênero das vítimas continua sendo liderado pelos homens (57), o que
representa 86% dos casos. Também foram assassinadas 9 mulheres (14%).
Falta de investimentos dos bancos e tentativa de transferir responsabilidades
Para a Contraf-CUT e a CNTV, essas mortes comprovam outra vez a carência de
investimentos dos bancos para melhorar a segurança dos estabelecimentos e
garantir um atendimento seguro para os clientes e a população.
Em vez de fazer a sua parte, os bancos vivem empurrando a responsabilidade pela
segurança para os clientes e o Estado, apesar da atividade de risco que exercem
e dos seus lucros abundantes.
Segundo dados apurados pelo Dieese com base nos balanços publicados, os cinco
maiores bancos (Itaú, BB, Bradesco, Caixa e Santander) apresentaram lucros de
R$ 60,3 bilhões em 2014. Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$
3,7 bilhões, o que representa média de 6,1% em comparação com os lucros
auferidos.
Como se não bastasse essa escassez de investimentos em segurança, os bancos
vivem descumprindo a lei federal nº 7.102/83, que tem mais de 30 anos e se
encontra defasada diante do crescimento da violência e da criminalidade. No ano
passado, a Polícia Federal aplicou multas contra 21 bancos, no total de R$ 19
milhões, durante as reuniões da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança
Privada (CCASP).
Avaliação dos bancários e vigilantes
"Sai ano, entra ano e pessoas são mortas em assaltos envolvendo bancos,
mostrando o enorme descaso e a falta de investimentos na prevenção de assaltos
e sequestros e na proteção da vida de trabalhadores e clientes", afirma o
presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.
"O pior é que nenhuma força-tarefa é adotada pelos bancos para acabar com
essas tragédias. Eles preferem gastar bilhões de reais em marketing e meios
eletrônicos de pagamento a investir em equipamentos de prevenção e outros
procedimentos seguros", completa. "Os bancos fazem a gestão do lucro
e por isso encaram a segurança como custo que pode ser reduzido para turbinar
ainda mais os seus ganhos".
"Essas mortes também revelam a fragilidade da segurança pública, pois
faltam mais policiais e viaturas nas ruas e ações de inteligência para combater
ações criminosas", salienta Cordeiro.
Para o presidente da CNTV, José Boaventura Santos, "todos esses
assassinatos são muito preocupantes e reforçam a necessidade de atualizar a lei
federal nº 7.102/83".
"O projeto de estatuto de segurança privada, que está em construção no
Ministério da Justiça, precisa ser retomado, buscando incluir equipamentos e
medidas eficientes para proteger a vida das pessoas, eliminar riscos e oferecer
segurança para trabalhadores e clientes", defende.
"Além das mortes, essa violência ainda deixa inúmeros feridos e
traumatizados pelo Brasil afora, acabando com os sonhos e as esperanças de
muita gente", salienta Boaventura.
Perigo da saidinha de banco
A Contraf-CUT e a CNTV defendem ações preventivas para enfrentar a
"saidinha de banco", que é o crime que mais está matando em assaltos
envolvendo bancos. "Esse crime começa dentro dos bancos e, para
combatê-lo, é preciso evitar a ação de olheiros na hora do saque de
clientes", explica Cordeiro. "Os bancos não podem tratá-lo como problema
de segurança pública e fugir das suas responsabilidades".
"Defendemos a instalação de biombos entre a fila de espera e os caixas, e
de divisórias individualizadas entre os caixas, inclusive os eletrônicos,
visando garantir privacidade nos saques", ressalta o presidente da
Contraf-CUT.
"A instalação de biombos já virou lei em vários municípios, como João
Pessoa, Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Fortaleza e Belém, entre outros,
reduzindo drasticamente a saidinha de banco", aponta Boaventura.
"O biombo foi uma das medidas testadas e aprovadas no projeto-piloto de
segurança bancária, realizado em Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. Essa
medida precisa ser estendida para todo país, a fim de combater a saidinha de
banco", propõe Cordeiro.
Outra medida defendida por bancários e vigilantes é a isenção de tarifas de
transferência de recursos (DOC, TED), como forma de reduzir a circulação de
dinheiro na praça. "Muitos clientes sacam valores elevados para não pagar
as altas tarifas dos bancos e viram alvos de assaltantes ousados e
armados", alerta o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do
Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.
"Proibir o uso do celular nos bancos é uma medida ingênua, ineficaz e
inócua, pois não impede a visualização dos saques", alerta. "É uma
tentativa de responsabilizar o cliente pela falta de segurança no atendimento
dos bancos", completa Ademir.
Insegurança nos correspondentes bancários
A disparada das mortes em assaltos a correspondentes bancários (lotéricas,
banco postal, lojas e outros estabelecimentos) não surpreende a Contraf-CUT e a
CNTV. "Os bancos estão elitizando os serviços e empurrando cada vez os
clientes de baixa renda para esses estabelecimentos, onde a segurança é mínima,
quando existe, precarizando o atendimento, aumentando o risco e expondo
perigosamente a vida das pessoas", ressalta Boaventura.
"Queremos igualdade de atendimento para toda a população, com agências e
postos de serviços, onde têm bancários e vigilantes, além de equipamentos de
prevenção, possibilitando um atendimento com qualidade e segurança para
clientes e usuários, e protegendo o sigilo bancário e, acima de tudo, a vida
das pessoas", enfatiza Cordeiro.
Alto risco no transporte de valores
A pesquisa revela também o aumento das mortes em operações de depósitos e
transporte de valores com ou sem carro-forte.
"Os bancos têm que estabelecer procedimentos mais seguros para o
transporte e o abastecimento de numerário das agências, postos e caixas
eletrônicos, bem como definir medidas eficazes para proteger os clientes que
efetuam depósitos em dinheiro e sacam quantias maiores", ressalta
Boaventura.
A vida em primeiro lugar
Vigilantes e bancários reforçam outras soluções de segurança que já salvaram
muitas vidas em todo país. "É fundamental a colocação de portas de
segurança com detectores de metais antes do autoatendimento, câmeras internas e
externas com boa resolução de imagens e monitoramento em tempo real, escudos
com assento para vigilantes e vidros blindados nas fachadas, dentre outras
medidas", frisa Boaventura.
"Os bancos e as autoridades de segurança pública têm que tomar
providências para evitar novas tragédias, que acabam com o futuro de inúmeras
famílias em todo país", alerta Cordeiro. "O atendimento bancário é
atividade de risco. Os bancos têm que assumir a sua responsabilidade para
proteger a vida das pessoas", salienta Cordeiro. "A vida tem que ser
colocada em primeiro lugar", conclui.
*Contraf-CUT com CNTV e Dieese
|