A pesquisa "Relação entre Trabalho e Saúde Mental dos Bancários do
Rio Grande do Sul” se baseou em
dados coletados desde agosto de 2013, por meio de um questionário eletrônico. A próxima etapa é a fase qualitativa, na qual serão constituídos grupos focais para aprofundar a
prospecção de dados, resultando em mais material para a análise.
Uma das ramificações da pesquisa é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da estudante de
psicologia da UFCSPA e estagiária do SindBancários, Vatsi Meneghel Danilevicz com o tema "Suicídio no trabalho bancário: expressão do insustentável”.
A professora da UFCSPA que organizou a pesquisa, Mayte Raya Amazarray, ressaltou o caráter de instrumento de ação
política da iniciativa. "Temos que cumprir ainda uma etapa qualitativa da
pesquisa que será feita através de grupos focais. Vamos convidar trabalhadores
para participarem desses grupos e trazerem suas experiências e visões do
trabalho dos bancários. O objetivo foi trazer dados científicos passíveis de análise, mas também orientar ações categoria”,
explicou Mayte.
O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, destacou a parceria com a
universidade pública, o esforço do Departamento de Saúde do Sindicato e o
trabalho das pesquisadoras e dos estagiários e estagiárias no atendimento aos
bancários. "A pergunta que essa pesquisa faz e a resposta que obtém revelam o
quanto a nossa profissão mudou. Antes, os bancários apresentavam muitas lesões
por esforço repetitivo (LER/DORT). Era muita dor nos ombros e articulações e
afastamentos por causa disso. Essas lesões ainda aparecem. No entanto, agora temos
problemas de sofrimento mental. É muita pressão por metas abusivas e muito
assédio moral. A pesquisa mostra essa mudança”, avaliou Gimenis.
O diretor de Saúde do SindBancários, Eduardo Munhoz, disse que o Sindicato irá
continuar investindo em pesquisas que tragam informações que podem se
transformar em direitos em negociações com os banqueiros. "Já temos inúmeras
cláusulas em nossos acordos coletivos específicos de cada banco e também na
Convenção Coletiva de Trabalho, que envolve todos os bancos muitos benefícios
relacionados a compromissos dos bancos em combater o assédio moral, fonte de doenças
e de sofrimento psíquico dos trabalhadores. Muitos dos direitos que
conquistamos começam em seminários e com pesquisas”, exemplificou.
A assessora de Saúde do SindBancários, Jaceia Netz, lembrou da trajetória da
pesquisa e da importância da atuação do Sindicato. "Nós que trabalhamos e
acompanhamos diariamente os bancários adoecidos sabemos que quem está doente é
o banco e não os trabalhadores”, disse Jaceia, parafraseando o documentário
Quem Está Doente é o Banco – A verdade sobre o assédio moral, apresentado na
abertura do Seminário.
Participaram também do seminário como integrantes da mesa as
pesquisadoras Daniela Gaviraghi, Simone Gadegast e Clarissa de Antoni, além de representantes de outras categorias e de Sindicatos do Interior
do Estado.
Confira alguns dados da pesquisa:
Perfil dos participantes - 1.787 bancários do Rio Grande do Sul
Onde vivem - 50,88%da capital e 49,12%do interior
Sexo - 49,17%homens e 50,83%mulheres
Idade - A idade variou 20 a 66anos, com média de 39anos
e 3meses
Tempo de trabalho - O tempo de trabalho de 1mês e 39anos
Onde trabalham - 82,42%são trabalhadores de instituições públicas; 66,32%trabalham
em agências e
33,68% dos trabalhadores desempenham funções de departamento
Estado civil - 52,87% eram casados; 28,50%solteiros; 9,75% possuíam
união estável e 8,39%separados/divorciados
Escolaridade - 52% Ensino Superior Completo; 26% possuíam Pós-Graduação e 22,09% Ensino Médio
No trabalho - 21,34% cumprem mais de 40h semanais
Acidentes - 38% sofreram acidente de trabalho
Violência - 11,54% foram assaltados ou sequestrados
Demissões - 56% temiam ser demitidos
Ética - 47,64% abririam mão de seus valores éticos pelo trabalho
Conflitos - 88,23% são expostos a conflitos ou hostilidades
Trabalho e vida pessoal - 89% sentem que o trabalho interfere negativamente em outras áreas da vida
Afastamentos - 49% já se afastaram por motivos de saúde
Medicação - 26% utilizam medicação psiquiátrica; destes, 40% acreditam que o
uso de medicação psiquiátrica e/ou substâncias psicoativas está relacionado ao
trabalho
Estresse - 67% dos bancários sentem-se nervosos ou preocupados,50% dormem
mal, 47% tem se sentem tristes ultimamente e 42% referiram que o
trabalho é penoso e causa sofrimento
Insatisfação - 25% dos bancários estão insatisfeitos com a vida. *Imprensa/SindBancários com edição da Fetrafi-RS
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