Os bancários frisaram que a proposta feita na rodada
anterior, no último dia 14, não trouxe nada de novo, limitando-se a fazer
adequações em cinco cláusulas do aditivo vigente. "O banco lucrou R$ 2,9
bilhões no primeiro semestre deste ano, o que possibilita trazer uma proposta
que tenha avanços para ampliar e proteger o emprego, melhorar as condições de
trabalho, saúde e previdência complementar, além de atender outras
demandas", afirma Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da
Contraf-CUT.
Para ele, "o aditivo é uma excelente oportunidade para definir mecanismos
que contribuam para mudar o modelo de gestão do banco, na perspectiva de
valorizar os trabalhadores, o que é fundamental para crescer e melhorar o
atendimento aos clientes".
Mais empregos e condições de trabalho
Os dirigentes sindicais cobraram o fim das demissões, da rotatividade e das
terceirizações, mais contratações e um centro de realocação para evitar
dispensas em caso de fechamento de agências. Há falta de funcionários, metas
abusivas, sobrecarga de trabalho e assédio moral, causando estresse,
adoecimento e uso de remédio tarja preta.
"Queremos que parem as reuniões diárias para a cobrança de metas e haja o
fim das metas para a área operacional e a proibição de descontos de comissões
por venda de produtos", destaca Rita Berlofa, diretora executiva do
Sindicato dos Bancários de São Paulo.
"O Santander vem sinalizando que haverá mudanças de gestão para melhoria
dos resultados do banco. Insistimos que isso tem que passar pela melhoria das
condições de trabalho", afirma Maria Rosani, coordenadora da Comissão de
Organização dos Empregados (COE) do Santander.
"Enquanto não houver mais investimento com os trabalhadores, com
contratações para acabar com a sobrecarga, pressão diária por metas que mudam
toda hora, os resultados do banco não vão mudar. Está insuportável trabalhar e
o Santander tem de levar em conta os trabalhadores", salienta Rosani.
Bolsas de estudo
Os dirigentes sindicais voltaram a insistir na ampliação das atuais 2.500
bolsas para a primeira graduação, hoje no valor de 50% da mensalidade e
limitadas a R$ 442,80. "Queremos também bolsas para segunda graduação ou
pós, bem como a atualização do valor pelo reajuste dos bancários, o que vem
sendo feito ano a ano, exceto em 2013", ressalta Ademir.
Foi discutida também a melhoria da cláusula de igualdade de oportunidades,
visando garantir que não haja discriminações de gênero, raça, idade, orientação
sexual ou deficiência.
Outras reivindicações
Os representantes dos trabalhadores defenderam também o atendimento das demais
reivindicações da pauta específica, tais como:
- manutenção do plano de saúde na aposentadoria nas mesmas condições vigentes
quando na ativa;
- realização de eleições democráticas e transparentes no SantanderPrevi;
- PLR para funcionários afastados por licença médica;
- isenção de tarifas e a redução das taxas de juros para funcionários e
aposentados;
- auxílio moradia;
- empréstimo de um salário nas férias com desconto em 10 vezes sem juros, a
exemplo dos funcionários oriundos do Banespa;
- auxílio academia para todos;
- licença remunerada à mulher vítima da violência;
- mudança nos procedimentos da auditoria interna e externa;
- licença não remunerada para fins de estudo.
O banco ficou de trazer uma proposta global na próxima rodada, agendada para o
dia 6 de novembro, às 10h30, em São Paulo.
Saúde do trabalhador
Na parte da tarde desta quinta-feira, as entidades sindicais se reuniram com o
Santander para discutir a denúncia feita na primeira rodada de negociação sobre
a existência de um controle nos exames médicos para a caracterização do
funcionário como inapto.
Na ocasião foi entregue ao banco um formulário de "prontuário
clínico" da empresa Micelli Soluções em Saúde Empresarial, contratada pelo
banco para fazer exames como os periódicos e os de retorno ao trabalho. No
prontuário há um espaço de "fluxo para inaptidão", onde o médico
examinador deve "contatar antecipadamente o médico coordenador para
conclusão".
Os dirigentes sindicais apresentaram depoimentos de funcionários afastados,
inclusive em áudio, comprovando o procedimento ilegal. Uma trabalhadora da Bahia,
com vários sintomas de LER/Dort, disse que, após ser atendida, o médico pediu
que ela saísse da sala para aguardar o resultado. "Ele tinha que entrar em
contato com a empresa do banco para analisar a possibilidade de caracterizar a
inaptidão ao trabalho", relatou.
O médico coordenador do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional) do Santander, Gustavo Locatelli, que assumiu o cargo em janeiro,
disse que não existe cerceamento no julgamento sobre inaptidão e que as
avaliações preservam a autonomia do médico.
Os representantes dos trabalhadores cobraram medidas do banco, como o fim da
utilização desse prontuário da Micelli e a formação de um grupo de trabalho
para aprofundar o debate sobre o problema. O caso é passível de ações
judiciais. O banco ficou de realizar uma reunião na semana de 10 a 14 de
novembro para trazer encaminhamentos. *Contraf/CUT e Seeb/SP
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