A mobilização foi uma reação ao áudio divulgado pelo blog O
Cafezinho, onde Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo FHC e
anunciado como futuro ministro de Aécio Neves, defende a redução da atuação do
BB, Caixa e BNDES. Ele disse que "provavelmente vai chegar um ponto em que
talvez não tenham tantas funções. Não sei muito bem o que vai sobrar no final
da linha. Talvez não muito". O tema foi também discutido em vários debates
na TV entre Dilma e Aécio.
O presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, alertou que " a sociedade
brasileira não pode permitir esse retrocesso à década neoliberal dos tucanos e
abrir mão dos bancos públicos, cuja importância para o desenvolvimento
econômico e social do país tornaram-se mais evidentes do que nunca a partir da
crise internacional de 2008, provocada pela irresponsabilidade do mercado
financeiro a que Armínio Fraga representa".
Leia o artigo de Carlos Cordeiro publicado no portal Brasil 247.
"Foi graças à atuação dos bancos públicos que o Brasil superou a crise de
2008. Os bancos privados fecharam a torneira e encareceram o crédito. Por
decisão do governo, os bancos públicos ampliaram a oferta de crédito. Antes da
crise, eles detinham 36% das operações de crédito de todo o sistema financeiro.
Saltaram para 51% do mercado, mantendo assim a roda da economia funcionando, o
consumo aquecido e gerando empregos", acrescenta o presidente da
Contraf-CUT.
Tucanos privatizaram o Banespa
Em São Paulo, os trabalhadores promoveram uma caminhada no centro da cidade,
fazendo um protesto em frente ao edifício-sede do Banespa, privatizado no governo
FHC. Depois, foi realizado um ato diante da antiga agência da Nossa Caixa,
adquirida pelo Banco do Brasil.
Além da CUT, participaram dirigentes do Sindicato, Contraf-CUT, Fetec-CUT/SP,
Intesindical e Afubesp, dentre outras representações.
Os bancários lembraram os quase 14 anos da privatização do Banespa. O maior
banco estadual do país foi entregue no dia 20 de novembro de 2000. Os
dirigentes sindicais recordaram que o candidato a governador Mário Covas (PSDB)
tinha enviado carta antes das eleições de 1994 aos funcionários. "Meu
compromisso é o de resgatar a grandeza e a tradição do Banespa", escreveu
Covas. "No meu governo, o Banespa terá uma diretoria profissionalizada e
séria", ressaltou.
Apesar da luta e resistência dos bancários, que durou quase seis anos, o banco
foi vendido para o Santander, causando demissões, perda de direitos e
fechamento de agências.
Os dirigentes sindicais criticaram Aécio que, após a onda de protestos em
defesa dos bancos públicos, disse no debate da Record que quer uma diretoria
profissionalizada, como se os atuais funcionários dos bancos públicos não
fossem profissionais. Ele, sim, quando foi nomeado diretor de loterias da
Caixa, em 1985, não era um profissional.
Tucanos venderam a Nossa Caixa
O ex-governador José Serra (PSDB) fez igual promessa em relação à Nossa Caixa
Nosso Banco, a segunda mais importante instituição financeira pública paulista.
Ele se reuniu com uma comissão de dirigentes sindicais, pouco antes de colocar
o banco à venda, dizendo que não a venderia.
Mas a Nossa Caixa e o Banespa foram vendidos pelos ex-governadores do PSDB e o
estado de São Paulo ficou sem banco público. A Nossa Caixa só não teve o mesmo
destino porque o governo Lula, em 2008, logo após o estouro da crise econômica
internacional, decidiu comprá-lo por intermédio do Banco do Brasil. Não houve
demissões e corte de direitos.
Você acredita nos tucanos?
Esses e outros episódios recentes da história brasileira foram recordados pelos
bancários para denunciar o risco concreto representado pela mais recente
proposta tucana de "profissionalizar" os bancos públicos, como
afirmou o candidato do PSDB.
A presidenta do Sindicato dos Bancários e de São Paulo, Osasco e Região,
Juvandia Moreira, lembrou que toda a vez que os tucanos falam em
"profissionalizar", "rever" ou "agilizar",
esvaziam a empresa ou o órgão público, tornam-no menos eficaz e, em seguida,
vendem.
"Na crise (de 2008), se não fossem os bancos públicos para manter a oferta
de crédito, o país teria entrado em recessão. E aí todo mundo sofreria com
desemprego, inflação e falta de crédito", alertou.
Importância dos bancos públicos
O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que há uma grande ameaça pairando
sobre os bancos públicos. "Se tem uma riqueza brasileira que o setor
privado quer é o controle do setor financeiro. Hoje, nosso país tem 50% do
mercado de finanças controlado pelo poder público e a outra parte, pelo setor
privado", explicou.
Ele advertiu que quando um banco ou uma empresa pública é vendido para a
iniciativa privada, quem passa a mandar nele não foi eleito pelo povo.
Vagner também lembrou a crise de 2008, quando a crise econômica internacional
teve início, os bancos privados retiraram dinheiro da praça e passaram e
dificultar ainda mais o acesso das pessoas ao crédito. "Se tivesse
dependido só deles, o dinheiro teria sumido e aí sim, o Brasil ia entrar em
crise, porque a produção ia parar". Por outro lado, completou o presidente
da CUT, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica ampliaram a oferta de crédito,
especialmente para produtos populares, como material de construção, e ainda
entraram firme no financiamento de grandes projetos como o Minha Casa, Minha
Vida.
Ferramentas de desenvolvimento
Para o deputado estadual e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de são
Paulo, Luiz Cláudio Marcolino (PT), o Banco do Brasil, a Caixa e o BNDES são os
são responsáveis pela expansão do crédito para o consumo e para o
desenvolvimento. "O Aécio está indo na contramão do desenvolvimento
brasileiro. Com essas instituições, nós conseguimos provar, nesses 12 anos, a
importância de ter bancos públicos atuando para o desenvolvimento do nosso país".
"Para manter e fortalecer o BB, a Caixa, o BNDES e os demais bancos e
empresas públicas, bem como proteger o emprego, os direitos trabalhistas e o
papel social dessas instituições, o caminho seguro é reeleger a presidente
Dilma. Os candidatos tucanos não merecem a confiança dos trabalhadores
brasileiros", concluiu Carlos Cordeiro. *Contraf/CUT e Rede Brasil Atual
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