Eles e elas levantaram bandeiras e cartazes, enquanto dirigentes de entidades sindicais e estudantis e vários parlamentares se revezaram no caminhão de som, denunciando que a proposta representa, na verdade, o fim da aposentadoria para milhões de brasileiros. Houve também gritos de "Lula livre”.
A manifestação ocorreu no mesmo horário em que o governo anunciava que pretende enviar, na próxima quarta-feira (20), a proposta de reforma ao Congresso Nacional. A íntegra do pacote – que entre outras medidas institui um sistema de capitalização que não deu certo no Chile, mas é o sonho dos banqueiros – só será divulgada nessa data.  Tirem as mãos da nossa aposentadoriaEntre as mudanças "vazadas" está o fim da aposentadoria por tempo de contribuição (35 anos para homens e 30 para mulheres), com a implantação da idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, com 12 anos de transição. Essa injusta alteração, se for aprovada, irá punir quem começou a trabalhar mais cedo. Outros não conseguirão emprego, pois as empresas evitam contratar trabalhadores com idade avançada. Desse jeito, muitos ficarão sem trabalho e sem aposentadoria. Ou terão que trabalhar até morrer ou morrer trabalhando.
Construir uma greve geral O vice-presidente da CUT-RS, Marizar de Melo, defendeu a unidade com as centrais sindicais, movimentos sociais, populares e estudantis "para construir um processo de mobilização que seja maior do que 28 de abril de 2017, quando construímos uma greve geral” que barrou a proposta do Temer.
"Temos que trazer inclusive aqueles que equivocadamente ajudaram a eleger esse projeto que está destruindo o nosso país, o nosso estado e a nossa capital”, salientou. "É uma reforma criminosa que vai fazer com que os trabalhadores não consigam mais se aposentar”, alertou Marizar. Reforma não é necessáriaEle disse que "chegou a hora de fazer uma grande mobilização e mostrar para esse governo que não queremos reforma da Previdência porque ela não é necessária”. Ele ressaltou que "a CPI no Senado comprovou que a Previdência é superavitária”, mostrando que há problemas de sonegação de contribuições, não pagamento de dívidas e desvinculação de receitas.
"É tarefa nossa construir uma greve geral no Brasil para derrotar a reforma da Previdência e para segurar o patrimônio público e a soberania nacional, para que não sejam entregues ao capital internacional”, destacou o dirigente da CUT-RS. Não é reforma, é o fim da aposentadoriaVários manifestantes criticaram o presidente da Câmara, deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), por sua fala de que "todo mundo consegue trabalhar hoje até os 80 anos”. Também foi contestado o projeto do ministro da Economia, Paulo Guedes, de estabelecer um regime de capitalização para a Previdência, apontando que esse modelo foi implementado no Chile durante a ditadura Pinochet. Hoje, a maioria dos aposentados chilenos recebe hoje menos do que um salário mínimo por mês e o número de suicídios entre idosos acima de 70 anos bateu recorde.
"Não nos resta outra alternativa senão esclarecer a população sobre o que traz essa falsa reforma da Previdência. Porque não é reforma, é fim da aposentadoria”, falou ao público a presidente do CPERS Sindicato, Helenir Aguiar Schürer. "A capitalização é responsável por centenas de suicídios de idosos no Chile. É isso que querem trazer para o Brasil e vamos ter que movimentar a base da população”, completou. Dialogar com o povo para desmascarar o governoO deputado federal Dionilso Marcon (PT-RS) disse que não é otimista quanto à posição do Congresso. "Somos minoria. Eles têm votos para massacrar os trabalhadores que querem se aposentar em vida. É preciso trancar estradas, estar nos aeroportos falando com os parlamentares, mobilizar em todos os lugares”, defendeu.
Desmonte da Previdência interessa aos bancosPresente ao ato, o ex-ministro do Trabalho e da Previdência no governo Dilma Rousseff, Miguel Rossetto, denunciou que a reforma representa o desmonte da Previdência, o que interessa à iniciativa privada e aos bancos. "Os ricos não estão no INSS, os ricos desse país estão ao lado do Paulo Guedes e do Bolsonaro. Destruir a Previdência pública é abrir espaço ao mercado privado dos bancos deste país”.
"Defender a previdência é defender proteção social para milhões de trabalhadores do campo e da cidade, que não têm condições de trabalhar e poder sobreviver. É preciso mobilização, participação. Fomos capazes de bloquear a alteração quando Temer a propôs e temos todas as condições de bloquear esta porque é errada, ruim, injusta”, avaliou Rossetto.
Segundo o ex-ministro, "não é aceitável que, por um lado, o governo fragilize as relações de trabalho com contratos provisórios, e, por outro lado, exija tempo maior de contribuição. Essa proposta vai inviabilizar o direito à aposentadoria, vai criar uma tragédia social porque vai levar milhões de trabalhadores idosos a uma condição de indigência.  |