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“A Campanha Nacional de 2018 será um divisor de águas”
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Campanha Salarial | 18/07/2018 | 17:07:38
“A Campanha Nacional de 2018 será um divisor de águas”
O diretor da Fetrafi-RS, Juberlei Bacelo, concedeu entrevista ao Sindbancários de Porto Alegre sobre a Campanha Nacional 2018. Confira.
 
Quando se acomodou em um das cadeiras da grande mesa do Hotel Maksoud Plaza em São Paulo, o bancário do Santander e diretor da Fetrafi-RS, Juberlei Bacelo, não estava participando somente da primeira rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários com a Fenaban no dia 28/6. Fazia história como um dos dirigentes bancários com mais participações em todo o Brasil em mesas de negociações com os banqueiros. Do lado certo da luta, o dos trabalhadores, e olhando nos olhos dos representantes dos banqueiros, ele sabia que aquele momento inciaria "um divisor de águas” na história de lutas dos bancários.
Juberlei começou como bancário do Meridional (hoje Santander). Foi presidente do SindBancários e representa uma geração de dirigentes sindicais que ajudou a construir uma história de conquistas para uma categoria que aprendeu a ser forte na crise. O cenário talvez seja pior do que o dos anos 1990 para essa Campanha Nacional 2018 envolta em golpe na democracia e nos direitos dos trabalhadores com a reforma trabalhista e o governo Temer. Mas faz um alerta esperançoso: esse cenário adverso pode ser a oportunidade para os bancários se fortalecerem e dar exemplo de resistência.

Qual foi a sua primeira impressão sobre a mesa de negociação do dia 28 de junho em São Paulo coma Fenaban?

Juberlei Bacelo – Minha impressão é que se confirmou o que vínhamos afirmando, de que nossos direitos que constam na CCT estão ameaçados. Pela primeira vez, os bancos não assinam o pré-acordo que garantiria a validade dos direitos a partir de 1º de setembro, mesmo que ainda não tivessem concluídas as negociações. Com o fim da ultratividade nos contratos coletivos, aprovado na reforma trabalhista, isso significa que, se, no dia 31 de agosto, não tivermos renovado nossa convenção, não temos nenhum direito garantido.

Quanto do atual contexto social, político e jurídico influencia na correlação de forças que permeiam essa negociação?
 
Juberlei – Os bancos foram um dos principais financiadores do golpe sobre a democracia do país. O objetivo do golpe é claro. Eles querem descontar nos trabalhadores os custos da crise econômica duradoura que vivemos no país. A reforma trabalhista, aprovada logo depois do impedimento da presidenta [Dilma Rousseff], tem esse objetivo. Essa reforma visa acabar com qualquer proteção que tenha a classe trabalhadora, inclusive com os sindicatos. A grande mídia tem papel importante na manipulação do povo, dividindo ainda mais a classe trabalhadora. Criaram muitas dificuldades, inclusive na alternativa judicial. Seja alterando as leis ou na cooptação do judiciário. É o grande acordo nacional "com o Supremo, com tudo”. Isso cria muitas dificuldades na resistência da categoria. Portanto, a correlação de forças é favorável aos bancos, para que apliquem a reforma sobre nós.

Quais são os riscos reais a que os trabalhadores, e especialmente os bancários, estão expostos este ano?

Juberlei – Se não houver uma grande mobilização dos bancários, o risco de perdermos direitos que foram acumulados ao longo de gerações através da luta coletiva, como nossa jornada de seis horas ou a gratificação semestral, que só tem no RS, BA, SE e PB, é muito real.

Nos anos 1990, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, os bancários (e os trabalhadores) enfrentaram um cenário tão adverso quanto o de agora. É possível comprar o cenário de agora com o daquele período?

Juberlei – Nos anos 90, enfrentamos um cenário parecido com o de agora. Com a introdução do modelo neoliberal, o ataque aos direitos e ao patrimônio público era semelhante. Mas havia uma divisão na classe patronal devido à financeirização da economia, já que o setor produtivo não tinha muito acordo, e o movimento sindical ainda acumulava alguma força devido às grandes lutas de massa que marcaram o final dos anos 80. Isso criava condições melhores de resistência. Tanto que conseguimos proteger a maioria dos direitos e parte das empresas públicas. Mas como já aconteceu em outros países, o retorno do neoliberalismo se dá de uma forma mais virulenta e autoritária. No Brasil não é diferente. Com certeza, hoje o cenário é muito pior. Uma unidade muito grande do poder econômico em um cenário em que temos um governo ilegítimo, que não tem nada a perder. Que não se preocupa com a opinião popular. Apenas em atender as expectativas do capital nacional e internacional.

Os bancários construíram uma Convenção Coletiva Nacional há mais de 25 anos (1992). Como e por que essa unidade nacional foi construída?
 
Juberlei – Antes do nosso acordo coletivo nacional, os acordos eram por estados, e, na grande maioria, construídos nos Tribunais Regionais. Com a concentração bancária nos anos 90, isso criava dificuldade para os bancos, já que tinham que praticar políticas salariais diferenciadas. Como a categoria já se organizava nacionalmente, a construção da CCT fortaleceu nossas lutas na hora da negociação. Claro que isso foi em um período também de resistência, em uma conjuntura desfavorável, tanto que durante anos éramos obrigados a trocar índice por abonos que resultavam em um achatamento salarial.

Os bancários suportaram perdas e reajuste zero nos anos de ajuste neoliberal. A partir de 2002, essa condição mudou. Por que, durante governos progressistas, os trabalhadores melhoraram de vida?

Juberlei – A partir de 2002, isso começa a mudar. Com a eleição de Lula, passamos a ter um governo não tão comprometido com o poder econômico. Que não tratava os movimentos sociais como um caso de polícia. Que entendia a importância de um estado forte para poder intervir na economia. Isso criou as condições do retorno das mobilizações coletivas. Tanto que voltamos a fazer grandes greves da categoria que resultaram em conquistas de novos direitos e a recuperação salarial através de aumentos reais.

Diante das perdas com a reforma trabalhista e a terceirização, impostas aos trabalhadores, o que muda na organização dos trabalhadores para buscar reverter esses retrocessos? Como é possível reverter esse quadro de perdas o mais breve possível?
 
Juberlei – No cenário atual de precarização do mundo do trabalho, com cortes de direitos, terceirizações e outros ataques, os bancos ainda têm o ingrediente de cada vez mais piorar as condições de trabalho dos bancários. Essas condições levam ao adoecimento da categoria. Por outro lado, os bancos criam restrições na assistência à saúde, já que no último período eles têm atuado no sentido de também reduzirem custos com os planos. Isso demonstra o pensamento da elite brasileira. De que nunca aceitaram a abolição da escravatura. Portanto, a reversão desse cenário passa por duas frentes. Primeiro, os bancários precisam se conscientizar da necessidade da luta coletiva, da participação e do fortalecimento dos sindicatos como instrumento dessa defesa. Segundo, compreender a importância do processo eleitoral deste ano. A perspectiva de reversão dessa era que se criou com o golpe passa pela eleição de candidatos comprometidos com nossas pautas. O poder econômico dá mostras de que não aceitará uma decisão soberana do povo brasileiro, já que mantém preso o principal candidato da oposição e líder das pesquisas eleitorais [Luiz Inácio Lula da Silva]. A categoria precisa compreender isso e juntamente com o restante da classe trabalhadora tomar as ruas na luta pelo reestabelecimento da democracia no país. Só isso poderá nos dar novamente a esperança de dias melhores.

Por que a Campanha Nacional 2018 será histórica e o que devemos, como trabalhadores, aprender com ela?
 
Juberlei – A Campanha Nacional de 2018 será um divisor de águas. Temos a necessidade de uma grande unidade dos bancários para construir um processo de mobilização capaz de resistir a esses ataques. Isso será capaz de fazer avançar a consciência do bancário, de que para buscarmos uma vida mais feliz é preciso lutar coletivamente. Todos os nossos direitos coletivos são frutos dessa luta e não de bondade de nossos patrões. E é dessa forma que devemos nos defender nesse momento.

Fonte: Imprensa SindBancários
 
 
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