Diz o jornal Zero Hora, que as ações do banco devem render,
até 6 de dezembro, quando o governo do Estado pretende (ou sonha) em realizar a
venda, R$ 1,8 bilhão, pouco mais de uma folha de pagamento dos servidores
públicos do Estado, que é de cerca de R$ 1,4 bilhão. Sartori quer arrecadar R$
3 bilhões e deposita todas as suas fichas numa eventual reeleição em 2018, no
sucesso do negócio da venda de ações do Banrisul. Um governo que ficou isolado
no discurso de crise e não apresentou soluções e projetos de desenvolvimento
para o Estado tenta sua última cartada para sair da pasmaceira.
Road Show
A reportagem do jornal Zero Hora afirma que a própria
diretoria do banco irá realizar um Road Show por fundos de pensão e grandes
bancos nacionais e internacionais para oferecer as ações do Banrisul. Duas
questões dificultam a venda. Os grandes investidores do mercado estão
preocupados com a crise política no país e esperam que o enfraquecido e
corrupto governo Temer dê uma resposta e aprove a Reforma da Previdência.
Depois da vigência da Refirma Trabalhista como Lei 13.467, no sábado 11/11,
Temer e seu governo já admitem recuar na Reforma da Previdência, o que deve
reduzir ainda mais os valores dos papéis do Banrisul, que na sexta-feira
fecharam em R$ 14,37. Trata-se de uma queda no valor da ação de 7,6% em relação
aos R$ 15,56 de 27 de outubro.
Assembleia fortalece unidade
Banrisulenses se uniram na mobilização contra a venda de
ações do Banrisul, proposta pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), com apoio
de boa parte do Legislativo. Com a venda de mais um lote de ações – o primeiro
foi vendido no governo de Yeda Crusius, em 2007 – o governo do estado ficaria
com apenas 26% do banco estatal, o que geraria perdas incalculáveis para a
receita pública e o fim do caráter social do banco. A assembleia teve a
participação do coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul
Público, da Assembleia Legislativa, deputado estadual Zé Nunes (PT). O
coordenador da Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa do Badesul e BRDE, deputado
Adão Villaverde (PT), também participou da assembleia.
Na assembleia da manhã do sábado, 11/11, que reuniu
banrisulenses de Porto Alegre e de vários pontos do estado, os bancários
discutiram estratégias de mobilização para sensibilizar a sociedade diante da
iminente privatização do Banrisul. Uma delas é a coleta de 70 mil assinaturas
em apoio ao PLIP, para anular a proposta de venda das ações. A presença de
parlamentares reforçou a possibilidade de se desenvolver ações concatenadas com
o Legislativo estadual, através da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul. O
PLIP acrescenta dois parágrafos ao Artigo 22 da Constituição Estadual para
garantir que o Estado seja proprietário de 51% de todas as ações, assim como há
um artigo que garante a CEEE pública nos mesmos moldes em que o PLIP propõe.
Venda de ações é um péssimo negócio
A última venda de ações do Banrisul ocorreu durante o
governo Yeda, em julho de 2007. Segundo o Tribunal de Contas, a medida rendeu
R$ 800 milhões ao banco e R$ 1,29 bilhão ao Estado, em valores da época, e
cerca de R$ 1,44 bilhão e R$ 2,16 bilhões em valores atuais. Antes disso, o
Estado do Rio Grande Sul tinha 99,4% do capital total do Banrisul. Após, passou
a ter 56,97% e perdeu 43% dos dividendos distribuídos pelo Banrisul a seus
acionistas.
Em dez anos, o Estado recebeu do Banrisul R$ 1,9 bilhão em
lucros e dividendos (57% do capital). No entanto, se mantivesse 100% do capital
teria recebido R$ 2,8 bilhões. A sociedade gaúcha, portanto, já perdeu R$ 843,5
milhões com a venda de 2007.
A partir destes dados, pode-se inferir que, na última
década, caso o governo gaúcho tivesse 26% do capital do Banco, teria recebido
apenas R$ 702,9 milhões em dividendos dos R$ 2,8 bilhões que o banco rendeu. Informações: Sindbancários e Dieese
|