Já se vê nas agências bancários o retrato do
desmonte. Mesas vazias, menos colegas para atender demandas. Mais sobrecarga de
trabalho para os bancários atenderem FGTS, programas sociais e resolverem
problemas de clientes cada vez mais exigentes e indignados. De fato, todo o
cenário descrito faz parte da trama do golpe do desmonte para fatiar Caixa ou
vender seu controle acionário para um grande banco privado. E como podemos
evitar isso? Com muita pressão sobre os golpistas e mobilização. Neste sábado,
na sede da Fetrafi-RS, (Rua Fernando Machado, 820, Centro Histórico de Porto
Alegre), a partir das 9h, os bancários estão convidados a comparecerem ao
Seminário Saúde Caixa Funcef. Será uma oportunidade para tirar as dúvidas sobre
direitos e compreender o que problemas como o contencioso têm a ver com a
intenção de venda da Caixa.
A diretora da Fenae e empregada da Caixa, Rachel
Weber, reiterou o fato de que a derrubada da presidenta Dilma em agosto do ano
passado ocorreu para que os golpistas se livrassem das acusações de corrupção e
para entregar o patrimônio público. "Desde alguns anos este esquema está sendo
montado. Já dissemos há mais de 10 anos que isso estava por acontecer. Eles
deram o golpe e não foi de graça. O alvo deles é a Caixa Federal. O lucro da
Caixa se transforma em desenvolvimento social. Vimos o que aconteceu com o
Banco do Brasil. Quando vira Sociedade Anônima (S/A) quem manda são os
acionistas”, esclareceu.
Representante do Rio Grande do Sul na comissão
Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa e diretor da Contraf-CUT, Gilmar
Aguirre saudou a importante participação dos colegas do edifício Sede Querência
no ato e convidou para todos trabalharem juntos em defesa do único banco 100%
público do país. "É muito importante a participação dos colegas neste ato. É
sinal que compreendemos o perigo e as consequências da mudança dos estatutos da
Caixa. Vamos continuar mobilizados, conversando com clientes e familiares.
Precisamos da ajuda de todo mundo. Defender a Caixa é defender o Brasil”,
discursou.
Para o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, o
governo Temer, no caso da venda da Caixa agiu como um ladrão que estuda o alvo,
a casa que vai entrar para furtar objetos. "Estão preparando a Caixa para S/A.
Estão fatiando ela. O ladrão quando vai arrombar uma casa ele não entra direto.
Ele vai fazer vigília na frente pra saber o melhor horário. Quando não tiver
ninguém em casa, ele assalta. O Temer decidiu fazer pequenos roubos, mas ele
está preparando o assalto. Os bancários têm que fazer muito barulho, porque o
ladrão vem para o assalto final”, comparou.
O diretor do SindBancários e empregado da Caixa,
Jaílson Bueno Prodes, lembrou do papel fundamental da Caixa no combate à
desigualdade social e o que representa o seu desmonte. Jaílson lembrou que
quase metade dos municípios gaúchos, cerca de 240, só possui uma agência na
cidade, e de banco público, da Caixa, do Banco do Brasil ou Banrisul. "A
doação, a entrega do patrimônio público para bancos internacionais. Os
financiadores do golpe querem botar a mão no mercado que é da Caixa, Banco do
Brasil e de todos os outros bancos públicos”, disse.
Diretora da Fetrafi-RS e funcionária do Banrisul,
Denise Falkenberg Corrêa, alertou para o comprometimento do futuro da economia
e da saúde financeira do povo brasileiro que a venda dos bancos púbicos pode
provocar. "Não podemos passar o nosso presente e o nosso futuro para a banca
privada. Não é somente por uma questão corporativa, mas sim ideológica. A
ideologia não é uma palavra feia. A ideologia é como a gente enxerga o mundo
para todos”, argumentou.
Para a secretária de mulheres da CUT-RS e bancária,
Ísis Marques, a venda dos bancos públicos vai prejudicar a vida das mulheres.
Ela contou que o Programa de distribuição de renda Bolsa Família, sob gestão da
Caixa, pode desaparecer. "O Bolsa Família tirou 95% das mulheres que têm acesso
a este programa de geração de renda da violência. Tem gente que diz que é
esmola. Mas não. O Bolsa Família deu autonomia para as mulheres manterem seus
filhos na escola”, lembrou.
O diretor do SindBancários e empregado da Caixa,
Tiago Vasconcellos Pedroso, apontou um indício de que o desmonte da Caixa já
está em marcha e é visível nas agências bancárias pelo país. A falta de
empregados já aparece nas agências bancárias, prejudicando do atendimento.
"Manter a Caixa pública não atende só o interesse dos empregados. Manter a
Caixa pública é manter investimento em saneamento, saúde e educação. Hoje as
agências da Caixa são de mesas vazias. Isto mostra que estão desmontando o
único banco 100% púbico”, enfatizou. Informações: Comunicação SindBancários |