"O sistema financeiro no Brasil é altamente lucrativo. Basta analisar
os balanços dos bancos para ver que, mesmo com crise econômica, os
lucros sempre são, no mínimo, na ordem dos bilhões. É uma pena que para
alcançar estas marcas eles arrochem seus funcionários e esfolem seus
clientes com as altas taxas pelos serviços que, muitas vezes, são
executados pelos próprios clientes", criticou Roberto von der Osten,
presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT).
Ganha muito O banco afirma em seu relatório, que um dos fatores que impulsionou seu
lucro no período foi o aumento das receitas com prestação de serviços e
tarifas cobradas dos clientes, que cresceu 16,9% em doze meses,
totalizando R$ 11,7 bilhões. Além das tarifas por serviços, melhores
desempenhos com operações de seguros, previdência e capitalização
contribuíram para o crescimento do lucro do banco.
Segundo o banco, o lucro só não foi maior porque houve aumento de
despesas com pessoal, menor resultado com a margem financeira e leve
aumento da despesa com provisão para devedores duvidosos, as chamadas
PDDs.
As despesas de pessoal subiram 29,2%, em função da entrada dos
funcionários oriundos do HSBC, adquirido no segundo semestre de 2016,
atingindo R$ 9,4 bilhões. Mas, mesmo com o crescimento das despesas com
pessoal, em março de 2017, o banco conseguia cobrir tais despesas apenas
com as receitas secundárias e ainda sobrava recursos. A arrecadação com
receitas secundária, no período, 23,7% maior do que as despesas com
pessoal.
"O banco diz que aumentou a despesa com pessoal. O dito 'aumento de
despesa' se deve à incorporação do pessoal do HSBC e o pagamento da
primeira parcela do 13º salário. Na verdade, o que o banco mais tem
feito é reduzir as despesas com pessoal por meio de demissão de
funcionários", explicou Gheorge Vitti, coordenador da Comissão de
Organização dos Empregados (COE) do Bradesco.
Segundo análise feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a holding encerrou
o 1º semestre de 2017 com 105.143 empregados, com alta de 15.719 postos
de trabalho em relação ao mesmo período no ano passado. O crescimento,
no entanto, é influenciado pela incorporação dos funcionários do antigo
HSBC. Porém, após essa aquisição, em setembro de 2016, o quadro de
pessoal já sofreu uma redução de 4.779 postos. Quadro esse que deverá
ser mais afetado quando se mostrarem os resultados da adesão ao Plano de Desligamento Voluntário Especial (PDVE) que o banco abriu agora em julho e que deve ser encerrado em 31 de agosto.
"O número de clientes, principalmente com a aquisição do HSBC,
cresceu muito. O de funcionários só reduz. O que significa que aumentou a
carga de trabalho dos bancários. Ou seja, o lucro dos bancos aumenta
proporcionalmente ao aumento da exploração do trabalho dos bancários",
disse o coordenador da COE do Bradesco.
Acesse a íntegra da análise do Dieese para mais detalhes da análise sobre o balanço semestral do Bradesco. *Contraf/CUT |