"A taxa de acidentes de trabalho e afastamentos por doença entre os
bancários é uma das maiores na comparação entre todas as categorias. A
situação se torna ainda mais grave quando constatamos que os
trabalhadores evitam se afastar do trabalho para não serem discriminados
e para não passarem a figurar na lista de futuras demissões. Além
disso, em muitos casos, os bancos não emitem as CATs (Comunicações de
Acidentes de Trabalho)”, afirmou Walcir Previtale, secretário de Saúde
do Trabalhador da Contraf-CUT. "Queremos mostrar para a categoria que,
nessa situação crítica, eles precisam assumir o controle das ações de
saúde preventiva e curativa para evitar o adoecimento e os acidentes de
trabalho, muitas vezes consequências de estresse e excesso de trabalho”,
completou o dirigente da Contraf-CUT.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE 2013) apontou a ocorrência de
4.948.000 acidentes do trabalho em 2013. Na Previdência Social/INSS
foram registrados apenas 717.911 acidentes de trabalho, considerando
apenas a população de trabalhadores com carteira assinada. A diferença
entre as estatísticas se deve à já conhecida subnotificação do registro
de acidentes, ao tipo de dado resultante de cada pesquisa, e à baixa
taxa de formalização do emprego.
A categoria bancária figura entre os ramos de atividade com as mais
altas taxas de acidentes do trabalho do país. De 2012 a 2016 foram
20.414 afastamentos por acidentes do trabalho conforme dados do
Ministério Público do Trabalho.
As estatísticas atuais e pesquisas acadêmicas demonstram que os casos
de transtornos mentais entre os bancários, vêm se agravando a cada dia e
estão vinculados à organização do trabalho. As exigências progressivas
de metas, controles permanentes de produtividade, formas abusivas de
gestão, práticas de assédio moral e sobrecarga de trabalho, figuram
entre as principais causas de sofrimento psicológico na categoria.
Assuma o Controle – A Saúde é Sua! A ideia da campanha surgiu no começo de 2017 em uma reunião do Coletivo
Nacional da Contraf-CUT de Saúde do(a) Trabalhador(a). O desafio é fazer
com o que a campanha reflita todo o debate acumulado nos últimos anos
sobre o tema pela Contraf-CUT, enfatizando a saúde do trabalhador como
direito humano fundamental e inalienável.
O mote foi elaborado a partir de duas campanhas de sucesso já
desenvolvidas pelos sindicatos dos bancários de São Paulo e do Rio de
Janeiro: "Assuma o Controle” e "A Saúde é Sua”, respectivamente.
"Assuma o Controle” O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região lançou sua
campanha no começo de 2016. O objetivo é o de que os bancários assumam o
controle de sua saúde e não a deleguem a terceiros.
"É preciso mudar a maneira que os bancos se relacionam com seus
funcionários, principalmente no que se refere à cobrança de resultados.
Essa é a principal causa do adoecimento dos trabalhadores. Estes, por
sua vez, precisam entender que são detentores de direitos e que, se se
submeterem aos bancos e seus médicos do trabalho, pode não ser a melhor
alternativa para alcançar seus objetivos. Ceder às pressões pode até
leva-los a atingir as metas, mas, agora ou mais tarde, pode causar seu
afastamento por problemas de saúde”, explicou Dionísio Reis, que ocupava
a Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho do Seeb/São Paulo quando a
campanha foi lançada. A campanha está em andamento e continua
dialogando com os bancários.
"A Saúde é Sua” O projeto elaborado pelo Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro
(Seeb/Rio de Janeiro) possui uma página no Facebook, que vem
demonstrando ser uma excelente ferramenta de relacionamento com a
categoria e com a sociedade sobre a saúde do trabalhador.
"São publicados textos e vídeos com respostas às perguntas mais
frequentes feitas pelos bancários que procuram o sindicato, questões
relativas a seus direitos, esclarecimentos sobre as cláusulas da
Convenção Coletiva e também sobre o embate nacional que é travado
diariamente para avançar na luta ou mesmo impedir que os legisladores, o
patronato e o Poder Executivo prejudiquem os trabalhadores”, ressaltou
Gilberto Leal, secretário de Saúde do Seeb/Rio de Janeiro.
Paralelamente, a Contraf-CUT negocia com os bancos e com a Fenaban
nas mesas de negociações permanentes e nas reuniões com Comando Nacional
do Bancários melhorias nas relações de trabalho, nos procedimentos de
cobrança de resultados e de afastamento e retorno ao trabalho devido a
problemas de saúde. "As negociações sempre são muito duras. Os bancos
são muito reticentes às alterações que beneficiem os trabalhadores.
Temos que martelar muito tempo até conseguir algum avanço. Mas, neste
ano, como não precisamos negociar reajustes salariais, nos vales
refeição e alimentação, nem na PLR (Participação nos Lucros e
Resultados), pudemos aprofundar as negociações sobre estes temas e
estamos bastantes otimistas”, explicou Roberto von der Osten, presidente
da Contraf-CUT.
Na Campanha Nacional de 2016, a categoria conquistou um acordo de
dois anos com a Fenaban, que garantiu aos bancários, mesmo neste momento
de crise ataque aos direitos dos trabalhadores, o reajuste do INPC mais
1% de aumento real sobre o salário, vales refeição e alimentação e
sobre a PLR.
Objetivos "A campanha é também uma forma de a categoria se precaver contra a
postura dos bancos, que ocultam os índices de adoecimento, os riscos do
ambiente de trabalho, negam-se a discutir suas causas, inviabilizar a
participação dos trabalhadores e de seus representantes na definição das
metas e na elaboração de políticas de prevenção, proteção e recuperação
de sua saúde” afirmou o secretário de Saúde da Contraf-CUT.
A campanha nacional "Assuma o Controle - A Saúde é Sua” tem os seguintes objetivos:
- Informar aos trabalhadores quais são os riscos da atividade profissional dos bancários;
- Orientar os trabalhadores a não se submeter exclusivamente ao médico
do trabalho do banco, que via de regra, atende apenas aos interesses
patronais e seguir as orientações do médico de sua confiança;
- Estimular a participação dos trabalhadores na defesa e proteção de
sua saúde exigindo relações interpessoais que se pautem pelo respeito
mútuo;
- Conscientizar que o descanso é um direito dos trabalhadores e fator fundamental na preservação de sua saúde;
- Mobilizar e organizar os trabalhadores nos locais de trabalho a fim
de garantir o respeito a preservação e tratamento de sua saúde;
- Ampliar e fortalecer o debate sobre condições de trabalho visando a
elaboração e estabelecimento de políticas de prevenção e proteção à
saúde dos trabalhadores.
*Contraf/CUT |