"O objetivo da nossa luta é pautar a reforma agrária, que está
paralisada. Também há o desmonte da política do campo, que acontece por
meio de medidas como a MP 759 (da regularização fundiária).
Nós vamos manter a nossa luta pela terra e identificar os corruptos do
Brasil para desapropriar suas terras e fazermos a reforma agrária", diz o
coordenador nacional do MST, Alexandre Conceição.
Uma das propriedades ocupadas é a Fazenda Esmeralda,
que está em nome de João Baptista Lima Filho, também conhecido como
Coronel Lima, ex-assessor e amigo pessoal de Temer, localizada entre as
cidades de Lucianópolis e Duartina, interior de São Paulo. É a segunda
vez que o movimento ocupa o local; na primeira, em maio de 2016,
integrantes do MST encontraram uma carta escrita endereçada a Temer nos
anos 1990, e materiais de campanha do peemedebista à Câmara em 2006. A
assessoria do presidente afirmou na ocasião que ele teria utilizado a
fazenda como "refúgio" durante a campanha de 2014.
No município de Piraí, a 120 quilômetros do Rio de Janeiro, sem terra
ocuparam , a Fazenda Santa Rosa, uma propriedade de 920 hectares pertencente a Ricardo Teixeira,
ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O local está
relacionado a uma denúncia feita em 2012. Uma empresa chamada VSV
Agropecuária Empreendimentos, cujo endereço é a Fazenda Santa Rosa,
teria sido beneficiada com recursos superfaturados no total de R$ 9
milhões, referentes à realização de um jogo amistoso entre a seleção
brasileira e Portugal, em 2008.
Integrantes do movimento também ocuparam uma propriedade pertencente ao grupo comandado pelo ministro da agricultura Blairo Maggi.
"A área é um dos latifúndios do Grupo Amaggi (SM 02) e está localizada
nas margens da BR 163 em torno de 25 km da Cidade de Rondonópolis
sentido Campo Grande próximo do terminal da ferrovia Norte Sul", diz
nota do MST. Segundo o movimento, Maggi "exerce a função de ministro
para garantir o as condições necessárias para o desenvolvimento das suas
fazendas e do agronegócio", diz em nota, ressaltando que "entre as
principais ações se destacam apoio para autorizar a venda de mais veneno
para usar na agropecuária, redução das áreas de preservação ambiental
como é o caso da Reserva do Jamanxim no estado do Pará".
Aproximadamente mil famílias ocuparam a fazenda Junco, na região metropolitana de Teresina (PI), pertencente ao presidente nacional do Partido Progressista (PP) e senador Ciro Nogueira.
De acordo com João Luiz Vieira de Sousa, integrante da direção nacional
do MST no estado, o terreno tem uma área de 1800 hectares e serve
somente para especulação imobiliária. "Algumas pessoas na região nos
disseram que, na verdade, o terreno tem 2800 hectares, ou seja, além de a
terra ser improdutiva, há suspeitas de grilagem", declarou Sousa ao Brasil de Fato.
Segundo Alexandre Conceição, a jornada vai até o dia 2 de agosto,
quando está prevista a votação da autorização da aceitação da denúncia
contra Temer. Também foi ocupada a Fazenda Lupus, do grupo Nutriara, e
400 manifestantes bloqueiam os acessos do Centro de Lançamento de Alcântara no Maranhão. *RBA e Brasil de Fato |