O problema, porém, não está no modelo adotado. É o que
afirma o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira. "A PLR como é paga na Caixa
é uma conquista importante dos empregados, que veio por meio das mobilizações
nas campanhas salariais. Basta lembrar que além da regra Fenaban, temos a PLR
Social, um avanço cuja manutenção temos defendido ano após ano. E também a
garantia de pelo menos uma remuneração base para todos. Não vamos admitir
nenhum retrocesso”, avalia.
Para Jair Ferreira, o que precisa ser debatido é o futuro da
Caixa. "O lucro de R$ 4,1 bilhões em 2016, bem abaixo da projeção de R$ 6,7
bilhões, mostra que o problema é mais grave. O que estamos vendo é um projeto
para diminuir a atuação do banco, enfraquece-lo, para talvez justificar uma
privatização, exatamente como na década de 90. Assim como naquela época, nossa
resistência será fundamental”, alerta.
O plano anunciado na terça-feira (28) pelo presidente da
Caixa endossa o temor. Segundo Gilberto Occhi, o objetivo é fechar de 100 a 120
agências. Ele também informou a intenção de criar empresas para cuidar das
áreas de habitação e loterias. A direção do banco também estuda a viabilidade
de venda da área de loterias instantâneas, a Lotex, assim como a oferta inicial
de ações (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade.
Empregados não podem ser penalizados
Fabiana Matheus, diretora de Administração e Finanças da
Fenae, ressalta que a mobilização dos empregados é o único caminho para barrar
o projeto de redução da Caixa. "O valor da segunda parcela da PLR, motivo de
indignação, já é consequência de uma política de destruição da empresa e dos
direitos da categoria. Trabalhadores e entidades representativas não vão
assistir de braços cruzados ao desmonte do banco”, observa.
A diretora da Fenae acrescenta que o enfraquecimento da
Caixa passa obrigatoriamente pela desvalorização dos seus empregados. "Um
exemplo é a proposta para alterar o modelo de custeio do Saúde Caixa. O que
eles querem é reduzir a participação no plano de saúde, o que vai inviabiliza-lo
financeiramente, como se nós, os trabalhadores, fossemos culpados pelos
resultados ruins da instituição. A má gestão é culpa exclusiva da diretoria do
banco”, diz.
"Apesar das péssimas condições nas unidades de todo o país,
sobretudo após a realização de planos de aposentadoria e demissão em que cerca
de 10 mil trabalhadores deixaram a Caixa, são mais de 90 mil empregados que se
dedicam diariamente para prestar serviços essenciais ao povo brasileiro.
Infelizmente, não é assim que a direção da empresa os considera, optando pelo
desrespeito”, lamenta Fabiana Matheus.
PLR na Caixa
Na Caixa, a PLR é composta pela regra básica Fenaban,
prevista na Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2018 dos bancários,
correspondente a 90% do salário mais R$ 2.183,53, limitado a R$ 11.713,59;
parcela adicional, também presente na CCT, que representa 2,2% do lucro líquido
do banco dividido pelo número total de empregados em partes iguais, até o
limite individual de R$ 4.367,07; e a PLR Social, equivalente a 4% do lucro
líquido, distribuídos linearmente para todos os trabalhadores. A Caixa garante
no mínimo uma remuneração base.
*Fenae
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