Na quinta-feira
(16), a Funcef divulgou o cronograma de elaboração das políticas de
investimento para o período entre 2018 e 2022. Segundo a Fundação, a novidade é
que os participantes poderão fazer sugestões de aprimoramento por meio de uma
consulta pública prevista para outubro. A proposta foi lançada poucos dias após
o presidente da Funcef, Carlos Antônio Vieira, afirmar oficialmente que não
realizará o plebiscito sobre o principal ativo da Fundação - a Vale - porque "a
legislação não prevê o uso desse instrumento para auxiliar a tomada de decisões
dos colegiados”. |
A Fenae
contesta a incoerência. Afinal, os participantes desejam discutir não apenas
parâmetros e regras de investimentos, mas principalmente, os rumos dos maiores
ativos onde seus recursos estão aplicados. "O debate sobre a política de
investimento é importante, mas muito complexo. Defendemos sempre a participação
de todos, mas do jeito que está colocado pode gerar uma falsa impressão de
gestão participativa”, afirma o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.
Segundo o
cronograma divulgado pela Fundação, as sugestões dos participantes serão
encaminhadas ao Comitê de Assessoramento Técnico de Investimentos (CATI) e,
após 20 dias, as políticas de investimento serão votadas.
Funcef se
apressa para desfazer imagem negativa
Como reação
às reiteradas cobranças feitas pela Fenae e pelos trabalhadores, a Funcef vem
promovendo ações de cunho participativo como forma de contrapor as críticas
pela falta de transparência. À primeira vista, as medidas sugerem maior
espaço para o participante no fluxo decisório, no entanto, como questiona o
presidente da Fenae, tais iniciativas apresentam contradições e
inconsistências, aparentando ser mais "marqueteiras” do que efetivas.
Outra
iniciativa em curso - também sem previsão legal ou estatutária - é o processo
seletivo para aposentados da Caixa que queiram atuar em comissões que vão
apurar internamente os ativos da Fundação sob investigação da Polícia
Federal. A medida, que parece colocar em dúvida o trabalho da PF,
desconsidera a participação dos ativos, não deixa claro que tipo de assessoria
técnica essas pessoas terão para fazer o trabalho nem o que será feito com o
material apurado pelo grupo.
O presidente
da Fenae comenta, ainda, que existem comitês de assessoramento técnico
instituídos, mas praticamente abandonados pela Funcef, que poderiam ser
utilizados para a apuração. "Embora a participação dos beneficiários seja
saudável e fundamental, a medida necessita de esclarecimentos, sob o risco de
parecer apenas mais uma ação de propósito questionável”, afirma Jair Ferreira.
*Fenae |