Em resposta a essa reivindicação, os representantes do banco insistiram
na tese da pertinência da mudança, vista como necessária para
"viabilizar” a eficiência da empresa na disputa de mercado. Esses
argumentos foram prontamente contestados pela Contraf/CUT, para quem o
que torna a Caixa realmente lucrativa é o seu papel social, que
proporciona resultado positivo para a empresa e a diferencia de outras
instituições financeiras.
"A função de caixa, exercida atualmente por 12.858 empregados país
afora, é diferenciada de qualquer outro banco, dado as especificidades
das operações levadas adiante pela Caixa. Exemplo disso está registrado
no atendimento da população em relação ao FGTS, seguro-desemprego,
crédito imobiliário e operações relativas a políticas públicas”, lembra
Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados
(CEE/Caixa). Segundo ele, além de desqualificar a função, a existência
de caixas-minuto é uma medida que se traduz em desmonte das agências
físicas e prevalência de unidades digitais, priorizando o mercado em
lugar dos interesses dos cidadãos.
Na reunião com os representantes da Caixa, Dionísiso Reis foi taxativo:
"O caixa-minuto faz parte de um projeto privatista que precariza as
relações de trabalho e o atendimento à população, desfigurando o papel
social da Caixa. Com a extinção da função de caixa, a empresa quer
aumentar as atribuições do empregado, tornando-o múltiplo, o que
acarreta em retirada de direitos conquistados com base em muita luta,
mobilização e unidade. Defendemos a Caixa 100% pública e sabemos que o
respeito aos empregados e à população passa pelo fim de medidas como a
do caixa-minuto”.
A reunião não foi conclusiva. No próximo dia 19 de dezembro, em novo
encontro que acontece em Brasília, a Caixa ficou de apresentar para o GT
sobre Caixa-Minuto uma proposta, que depois será encaminhada para
apreciação da mesa permanente de negociações.
Projeto-piloto
Na reunião do GT, a Contraf/CUT cobrou ainda esclarecimentos a respeito
do projeto-piloto Rede de Operações, implantado inicialmente no Distrito
Federal e depois executado em cinco agências em Jundiaí (SP), com
previsão de expansão para outras seis no município paulista.
Na ocasião, os representantes dos empregados questionaram o formato
adotado pela Caixa nas experiências dos projetos-pilotos. A suspeita é
de que essas mudanças, feitas mais uma vez de forma unilateral, implicam
em prejuízos pessoais e profissionais aos trabalhadores, com o objetivo
de reduzir custos, extinguir funções, diminuir postos de trabalho e
focar nos negócios.
Depois de alguns esclarecimentos feitos pela empresa, a Contraf/CUT
mostrou preocupação com a semelhança do projeto-piloto com o que foi
implantado no Banco do Brasil (2011), seguindo a lógica dos bancos
privados. "O modelo aponta na direção de que os tesoureiros passam a
absorver as atribuições operacionais de gerentes gerais e supervisores
de atendimento, apenas com a troca de nomenclatura da função para gestor
da operação. Como resultado disso, vão adquirir responsabilidade para
administrar a bateria de caixas, sem a contrapartida na remuneração. E
isso não podemos admitir”, contesta Dionísio Reis.
Foi levantada ainda a hipótese de que, para os caixas, a situação será
mais problemática. A tendência é de que, no futuro, esse segmento será
desvinculado da lotação da agência e vinculado a uma nova plataforma
operacional, passando a realizar atividades como caixas itinerantes.
Isso poderá significar que, a cada período, os caixas passem a exercer
função em unidades diferentes.
*Agência Fenae |