Enquanto os clientes reclamam falhas nas contas, inclusive
para receber os salários, atraso na entrega de cartões e dificuldades em
acessar a internet banking, quem paga o pato também são os funcionários.
Bancários relatam que estão sem período de almoço, realizando jornadas
extenuantes, muitas acima de 10 dez horas, com sobrecarga de trabalho e vários
outros problemas.
Diante do caos, a Contraf-CUT enviou ofício ao Bradesco
solicitando reunião com o banco, o quanto antes, para discutir a incorporação e
seus impactos. Mas ainda não houve retorno.
Carlindo Dias (Abelha), secretário de Organização do Ramo
Financeiro da Contraf-CUT e funcionário do Bradesco, ressalta que o banco está
implantado a fusão ‘a toque de caixa’ e que a falta de planejamento adequado
prejudica os bancários e os clientes.
"Estão chegando relatos que configuram exploração, com
jornadas desumanas e condições de trabalho inadequadas.E como só a
pressão faz o banco compreender a situação, faremos manifestações e
paralisações em todo o paísdenunciando o que vem acontecendo.
Obanco precisa entenderque um processo de fusão como este não pode
ser feito desta forma, levando os trabalhadores à exaustão. Aguardamos a
resposta do Bradesco, sobre o nosso pedido de reunião, o quanto antes. É
urgente”, reforça.
"É inadmissível que um banco do porte do Bradesco não tenha
até o presente momento resolvido estes problemas. O que vem acontecendo com
funcionários e clientes é um desrespeito. Queremos nos reunir com o Bradesco
ainda esta semana, dependendo apenas do retorno do banco”, afirma Sérgio
Siqueira, diretor da Contraf-CUT, ex-funcionário do HSBC,atualmente no
Bradesco.
Dirigentes sindicais relatam problemas encontrados em todo o
país
Liliane Fiuza – diretora Sindicato de São Paulo
"Desde o início da migração está um caos. As jornadas de
trabalho não estão sendo respeitadas, chegando ao cúmulo do funcionário de seis
horas, dobrar a jornada, sem uma hora de almoço. Todas as agências estão com
filas imensas, pois os trabalhadores não tiveram treinamento adequado, para
atender clientes no sistema Bradesco, gerando inúmeras dúvidas e muita demora
nos atendimentos”.
Leuver Ludolff- diretor do Sindicato do Rio de Janeiro
"Funcionários estão com sobrecarga de trabalho, gerando
horas extras acima do permitido, uma verdadeira loucura. Aqui no Rio, o
Sindicato já fez uma denúncia na Delegacia Regional do Trabalho, entramos em
contato com o banco, que disse estar tudo normal. Lamentável”.
Sonia Araújo - diretora do Sindicato de Blumenau
"Os bancários estão entrando às sete da manhã e saindo às
oito da noite em Blumenau, sem conseguir almoçar. O sistema está caindo direto,
há agências sem caixas, clientes com atendimento de três horas de espera, o
0800 não funciona direito. São muitas reclamações e problemas”.
Deonisio Schmidt – secretário-geral Fetec-CUT/PR
O clima no Paraná e em Curitiba é de desespero, tanto
funcionários como de clientes. As agências estão com horário estendido das 08
às 17 horas. Funcionários com muita dificuldade de uso do sistema, por falta de
treinamento prévio e acesso com as centrais de apoio. A jornada chega em muitos
casos a 14 horas por dia. O Sindicato de Curitiba ofereceu denúncia no MPT. Os
bancários e clientes que estão chegando não merecem tal recepção”.
José Brito- secretário de Imprensa do Sindicato de Campo
Grande
"O banco não se preparou de acordo com o tamanho do negócio
e os funcionários acabam ficando o dia todo sem almoço e extrapolando a jornada
de trabalho. O que era para ser das 8h às 17h, está indo além das 20h30. A
mudança de sistema é precária, causando estresse tanto nos funcionários quanto
nos clientes. O Bradesco desrespeita as leis trabalhistas fazendo alterações na
jornada e nas nossas conquistas, como o plano de saúde”.
Suzana Andrade da Costa- diretora do Sindicato de Pernambuco
"Forneceram um telefone de suporte para cliente e para
funcionários, ambos não conseguimos contato para resolver os problemas. O NET
empresas (antigo Connect banking HSBC), nem sempre funciona conforme as
instruções passadas. São muitas variáveis que impedem o cliente em acessar. No
NET empresas tem muita coisa que o HSBC tinha, e o Bradesco não tem, deixando o
cliente muito mais dependente”.
Euryale Brasil - secretário-geral do Sindicato de Rondônia
"Não podemos interferir nas questões administrativas do
Bradesco, mas essa transição desastrosa tem gerado inúmeras situações de ataque
aos direitos dos trabalhadores, como essa sobrecarga de trabalho, extrapolação
da jornada de trabalho e até mesmo essa situação de constante pressão e
estresse que pode causar o adoecimento dos trabalhadores".
José Orlando Ribeiro – Sindicato dos Bancários de Porto
Alegre
"Todo o processo de migração foi mal planejado e agora os
resultados estão sendo desastrosos, tanto para funcionários quanto para os
clientes. Não houve interlocução prévia com o movimento sindical sobre os
critérios dessa migração. Uma das principais reclamações dos bancários é a
falta de treinamento e suporte técnico para viabilizar as mudanças necessárias.
É preciso que os funcionários do Bradesco, deslocados para as antigas unidades
do HSBC a fim de dar suporte aos novos colegas – permaneçam nessa função por
mais tempo, pois temos informação de que ficarão somente até 31 de outubro. Também
queremos que o Bradesco aceite debater o assunto no âmbito da COE para resolver
os problemas".
*Contraf-CUT com edição da Fetrafi-RS
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