A 24ª edição
do Congresso Nacional dos Banrisulenses iniciou na manhã destes sábado, 20, com
grandes debates sobre conjuntura econômica e política. A mesa de abertura do
evento, integrada por dirigentes da Fetrafi-RS, SindBancários, Contraf/CUT,
CUT/RS e Fetec Santa Catarina, enfatizou a importância do despertar dos trabalhadores
para o enfrentamento à retomada de ataques neoliberais. Perda de direitos e
precarização do trabalho constituem o ápice da agenda imposta pelo governo
interino, que assumiu o país de maneira ilegítima e desde então tem proclamado
medidas arbitrárias, que apontam para o desmonte geral das estruturais
estatais. |
Na avaliação
dos dirigentes sindicais, a Campanha Salarial dos Bancários também deve unir os
trabalhadores do setor financeiro às demais categorias. O objetivo é
potencializar a força das categorias organizadas pela manutenção de direitos, neutralizando
os projetos em tramitação na Câmara e no Senado e constituem retrocessos
trabalhistas.
"Nossa
luta não será fácil, mas desejamos muita energia e unidade para enfrentar essa
conjuntura totalmente adversa. A história mostra nossa capacidade enquanto
categoria organizada de revolucionar”, destacou a diretora da Fetrafi-RS,
Denise Corrêa.
Já
o presidente do SindBancários, Everton Gimenis, é preciso muita discussão e reflexão
para enfrentar o momento difícil. "Não estamos fora destes ataques,
principalmente porque o governo federal golpista defende as privatizações e usa
a crise para entregar o patrimônio público. Um dos itens do acordo sobre a
dívida dos estados com a União viabiliza que sejam entregues ativos para
abatimento. Sabemos que o Estado do Rio Grande do Sul é um dos mais endividados
junto ao Governo Federal. Portanto, o Governo Estadual poderá voltar pra cima
do Banrisul. Temos que ficar atentos nesta Campanha Salarial, não só para as nossas
questões financeiras, mas também para defender o banco”, enfatizou Gimenis.
"Não
podemos deixar de avaliar e balizar a nossa luta porque está em curso um golpe
contra os trabalhadores e a soberania do País. Diante disso, nós temos que
saber como conduzir o processo. Não vamos retroceder este ano. Nenhum direito a
menos. Nós queremos respeito, queremos valorização e condições dignas de
trabalho sem retrocessos. Esta é a nossa pauta. No entanto, temos que ter a
capacidade de fazer esta campanha salarial, culminando com a campanha em defesa
dos direitos ameaçados. Os banqueiros estão fazendo isso. Enquanto estão
negociando conosco também estão fazendo lobby no Congresso nacional,
articulando medidas contras os trabalhadores”, salientou Mauro Salles Machado,
da Contraf/CUT.
Ataques aos trabalhadores
Para
o dirigente da CUT/RS, Ademir Wiederkehr, o grande desafio dos participantes do
Encontro dos Banrisulenses é estar junto ao conjunto da classe trabalhadora na
resistência ao golpe. "A cada dia que passa, estamos vendo que este golpe é
para tirar o direito dos trabalhadores, porque mais projetos são enviados ao
Congresso Nacional e mais decretos são assinados pelo presidente golpista. Acho
que o grande pacote de maldades virá depois das eleições municipais. O
sindicalista também ressaltou a importância da classe trabalhadora brasileira
voltar a utilizar a greve geral para atingir os setores golpistas. "O ataque
visa acabar com tudo o que foi conquistado pelos trabalhadores ao longo da
história e com a própria CLT. Se for aprovado o projeto do negociado sobre o
legislado, qualquer direito terá que ser negociado, nada mais estará garantido.
Se passar a terceirização, vamos nos tornar terceirizados como está acontecendo
no México. A CUT está junto com os bancários e os banrisulenses nessa luta na
defesa dos direitos e da nossa dignidade”, afirmou Ademir.
Construção da Pauta
"Estamos aqui para construir uma
pauta que contemple os anseios dos colegas do Banrisul. O contexto é adverso,
estamos vivendo uma realidade diferente dos anos anteriores e isso requer uma
atenção especial. A categoria bancária tem mostrado unidade e o quanto isso
representa uma força a nível nacional. Temos que ampliar esta unidade e ficar atentos,
para a nossa campanha não fique restrita a este período de negociação. Diante
dos ataques e da possibilidade de retirada de direitos, não basta termos uma
campanha vitoriosa. Temos que continuar mobilizados ao longo de todo o ano’, analisou
o representante da Fetec/Santa Catarina, Cleberson Pacheco Eichholz.
Defesa do Banco
Público
As manifestações da mesa de abertura foram encerradas pelo
diretor da Fetrafi-RS, Carlos Augusto Rocha. "Nós já tivemos outras situações
difíceis, mas nunca uma conjuntura tão adversa quanto esta. Temos que atentar
para três projetos em tramitação no Congresso e no Senado, que em caso de
aprovação podem acabar conosco. O primeiro deles é o da terceirização das
atividades fim, que se for aprovado acaba com o conceito de categoria. Não
existirão mais bancários, metalúrgicos, professores, dando lugar a
terceirizados. O segundo é o PL 268, que destrói a representação dos trabalhadores
nos fundos de pensão. E o terceiro é o projeto 257, que trata da renegociação
da dívida dos Estados. Uma das exigências desse projeto, é que ao assinar este
acordo o Governo Estadual se compromete a transferir, a alienar com o Governo
Federal todas as suas empresas estatais. Portanto, se o Governo do Estado do
Rio Grande do Sul assinar este acordo, as empresas públicas - incluindo o
Banrisul - serão entregues para privatização. Além de discutir a nossa pauta
específica, precisamos desse ambiente para debater estratégias em defesa do
Banrisul e demais estatais. É imperativo, aprofundar este debate. O que fará
diferença nesta luta é a nossa mobilização e unidade. O Banrisul deve ser
vanguarda nessa Campanha Salarial e se for preciso, teremos que puxar mais uma
grande greve”, destacou o dirigente da Federação. Â Â O 24º Congresso dos Banrisulenses em números: :: Total de delegados credenciados: 230 :: Mulheres: 73 :: Homens: 157 :: Capital: 52 :: Interior: 178 :: Convidados: 16 :: Sindicatos representados do evento: 33 |
*Comunicação/Fetrafi-RS Edição: Marisane Pereira - MTB/RS9519 Fotos: Nicholas Aguirre |