A apresentação prévia de uma chapa é inédita em congressos
da CUT, que costuma fazer essa discussão durante o evento. A nova direção, que
será proposta no congresso, passa a ter 44 integrantes, sendo 22 homens e 22
mulheres – a paridade de gênero, implementada este ano, foi decisão do
congresso anterior, em 2012. Já foi aprovada nos 27 congressos estaduais,
conforme destacou o secretário-geral da entidade, Sérgio Nobre. Entre os novos
nomes, figuram na direção executiva as presidentas do Sindicato dos Bancários
de São Paulo, Juvandia Moreira, e do Sindicato dos Professores do Ensino
Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a
Bebel.
Estão sendo criadas três secretarias: Mobilização (para
estreitar relações com os movimentos sociais), Cultura e Assuntos Jurídicos
(que, ao lado da Secretaria-Geral, coordenará o escritório de Brasília). O
atual secretário-geral deve permanecer, assim como a vice-presidenta, Carmen
Foro.
O 12º Congresso Nacional da CUT (Concut) será realizado de
13 a 17, em São Paulo. O senador José Mujica, ex-presidente do Uruguai, estará
na cerimônia de abertura, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
participará de debate no segundo dia.
Nobre lembrou que já houve uma abertura do congresso em
março, em Brasília, para discutir a realidade brasileira e procurar
alternativas de retomar o crescimento, além da defesa de uma reforma política.
"Com esse sistema de representação, a classe trabalhadora não avança em
direitos."
Inimigos
O presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI),
João Felício, adiantou que na abertura do congresso será feita uma denúncia
contra "essa inaceitável tentativa de golpe" em curso no Brasil, que
representaria um retrocesso para todo o continente e uma derrota política para
a esquerda. Ele destacou a presença de delegados internacionais (232, de 71
países) no Concut. E lembrou que a taxa de sindicalização na central (entre 33%
e 34%) supera a média nacional (de 16% a 18%).
Para Felício, que deixará a executiva da CUT (foi presidente
e atualmente é secretário adjunto de Relações Internacionais), um desafio é
aglutinar, politicamente, uma nova massa de trabalhadores que ascendeu socialmente
nos últimos anos. E também enfrentar avanços conservadores, exemplificados por
projetos apresentados no Congresso. "Temos inimigos por todos os
lados", afirmou.
O diretor executivo Júlio Turra ressaltou a importância da
unidade em um momento político e econômico difícil, desde a virada do ano, com
medidas do governo como as medidas provisórias que dificultaram o acesso a
benefícios sociais e as nomeações de ministros como Joaquim Levy (Fazenda),
Kátia Abreu (Agricultura) e Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior), e um cenário de governo "extremamente impopular"
– não apenas por causa da mídia, acrescentou. "A saída para o Brasil é
mais direitos, mais democracia. A CUT teve a maturidade de ser unida nesse
combate (ao retrocesso). A unidade se forja quando a gente enfrenta nossos
inimigos de peito aberto e não fica discutindo picuinhas entre nós."
A proposta de executiva a ser apresentada ao congresso tem
essa preocupação, lembra Vagner Freitas. "Não vamos mais viver aquela
maldição de os principais dirigentes ficarem trancados numa salinha (para
definir a chapa). Temos de preparar a classe trabalhadora para o enfrentamento
contra a direita. A discussão mais importante não é o cargo. Passamos três anos
fazendo política no fio da navalha. A CUT tem autoridade política para defender
que não haja retrocesso", afirmou.
O presidente da central adiantou que a CUT apresentará uma
proposta de "política econômica popular para o Brasil, não essa atrasada
do Levy", além de dizer "não" ao que chama de golpe, em nome de
4 mil entidades filiadas e 20 milhões de trabalhadores representados por
sindicatos cutistas. A central quer se manter alinhada a outros movimentos em
defesa de reformas estruturais, com o Estado como indutor da economia e em
defesa da Petrobras. "Não vamos permitir que seja fatiada."
A CUT também organiza um dia nacional de luta, neste sábado
(3), e aproveitará a presença de delegados de todo o país para um ato pela
democracia no dia 15, durante o congresso. "Estamos capacitados para o
enfrentamento. A CUT nasceu para defender os trabalhadores e derrotar a
direita", diz Freitas. *RBA
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