Bancos | 08/04/2015 | 12:04:37
Caixa continua 100% pública, mas seguros devem ter capital aberto
Ministro e presidente do Banco anunciaram medida
 

O governo quer abrir o capital (vender ações) da parte de seguros da Caixa Econômica Federal. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (8) pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e pela presidente da Caixa, Miriam Belchior. Os dois afirmaram que a Caixa, propriamente dita, continuará "100% pública".


De acordo com Levy, não está sendo mais analisada a possibilidade de abrir o capital da Caixa Econômica Federal, que continuará sendo 100% do governo federal.

"Mas, na atividade de seguros, temos a intenção de fazer uma abertura de capital. Aproveitar a vitalidade do nosso mercado de capitais, como já foi feito com o BB Seguridade e se mostrou um grande sucesso. Se aumenta a governança, a transparência e abre oportunidade das pessoas investirem. É muito importante para as pessoas terem sua poupança de longo prazo", declarou o ministro da Fazenda a jornalistas.

A informação de uma possível abertura de capital da Caixa foi dada pela presidenta, durante café da manhã com jornalistas. Na ocasião, ela afirmou que o governo federal abriria o capital da instituição financeira. Após confirmar que abriria o capital da empresa, Dilma ressaltou que o processo iria "demorar”.

De acordo com Levy, o governo ainda tem de avaliar a intenção de fazer a oferta pública da Caixa Seguradora. Mas acrescentou: "Queremos fazer e, se pudermos, ainda neste ano. Acho que seria a ideia. Temos de ver prazos, condições de mercado, mas a intenção está estabelecida".

Impacto nas contas públicas

Joaquim Levy afirmou que não há estimativa de impacto fiscal com a abertura de capital da Caixa Seguradora. Segundo ele, a receita com a venda destes ativos, por parte do governo federal, não geram superávit primário de forma direta, ou seja, não entram na economia para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda.

Entretanto, ele confirmou que, se há "repercussões, é como qualquer outro caso". Com a abertura de capital da Caixa Seguros, a Caixa Econômica Federal aumentará o seu lucro e isso, respectivamente, pode gerar um pagamento maior de dividendos para o seu único acionista - o governo federal.

Para reequilibrar as contas públicas, o governo anunciou, neste ano, uma série de medidas, como aumento de tributos para carros, combustíveis, empréstimos e cosméticos, entre outros, além da limitação de benefícios sociais, como seguro-desemprego e abono salarial. Para 2015, a meta de superávit primário é de 1,2% do PIB, ou R$ 66,3 bilhões, para todo o setor público.

BB Seguridade

No caso da BB Seguridade, citada como exemplo pelo ministro Levy, houve amovimentação R$ 11,47 bilhões em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em abril de 2013.Na época, foi a maior operação do gênero de uma empresa do país desde os cerca de R$ 14 bilhões do Santander Brasil, em outubro de 2009. Foram vendidos 675 milhões de ações, equivalentes à soma do lote inicial de 500 milhões de ações, montante que poderia ser acrescido de 175 milhões de papéis, incluindo os lotes extras.

Segundo a presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, a instituição financeira avaliará como o BB Seguridade abriu o capital e ouvirá alguns bancos de desenvolvimento para discutir como o processo poderia ser viabilizado. Na avaliação de Miriam, os seguros do banco do Brasil tiveram "êxito” em sua oferta pública.

"A Caixa tem enorme capilaridade, é o terceiro maior banco em atividade no país, aumentou sua capilaridade em agências próprias, bancos, lotéricas e um espaço muito próximo dos interessados em fazer seguros no país. Portanto, acho que temos um potencial de nos posicionar bem também neste setor”, afirmou Belchior a jornalistas.

Ampliar acesso aos seguros

O ministro Joaquim Levy afirmou ainda que o Brasil está "se transformado” na oferta de seguros. Segundo ele, o governo apoia medidas de educação financeira em razão de o nível de renda ter crescido nos últimos anos e de as oportunidades terem surgido para a população.

*O Globo com edição da Fetrafi-RS