Campanha Salarial | 20/08/2014 | 13:08:54
Bancos frustram primeira negociação da Campanha Salarial
Rodada sobre saúde e condições de trabalho continua nesta quarta-feira
 
 

Começaram mal as negociações da Campanha Nacional 2014. Já na primeira rodada, realizada nesta terça-feira 19 em São Paulo, os bancos frustraram o debate sobre saúde e condições de trabalho, principalmente sobre os temas referentes às metas abusivas e ao assédio moral, dois dos principais problemas enfrentados pela categoria. A primeira rodada continua nesta quarta-feira 20 de manhã.

O Comando apresentou aos bancos os números do INSS mostrando que 18.671 bancários doentes foram afastados do trabalho em 2013, o que representa um crescimento de 41% em relação aos últimos cinco anos.

E as doenças mentais já superam os casos de LER/Dort (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). Do total de auxílios-doença acidentários registrados pelo INSS no ano passado, 52,7% tiveram como causas principais os transtornos mentais e do sistema nervoso. 

Isso significa dizer que, de cada dez bancários doentes, cinco são por depressão. Ao comparar os dados de 2009 até 2013, os casos de doenças do sistema nervoso e transtornos mentais e comportamentais cresceram 64,28%, saltando de 3.466 para 5.694.
 
Organização do trabalho

O secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Walcir Previtale, disse que as metas fazem parte da organização do trabalho e que, pelas convenções da OIT, o trabalhador tem o direito de discuti-las, uma vez que geram impacto na saúde. "Os trabalhadores têm que participar e serem ouvidos sobre as metas. Não podem ser fixadas unilateralmente. Metas e assédio moral viraram fatores de risco que precisam ser combatidos e eliminados", defendeu Walcir.

Os negociadores dos bancos responderam que a definição de metas faz parte da gestão de cada banco, não cabendo interferência dos trabalhadores. E questionaram os números sobre afastamentos por doenças na categoria, insinuando que estaria havendo fraude por parte dos bancários.

Carlos Cordeiro retrucou, afirmando que a "gestão não é um problema só dos bancos, porque o modelo que escolhem e implementam está adoecendo o bancário. Gestão não pode ser apenas para remunerar os acionistas. Tem que olhar o impacto que traz à saúde do trabalhador".

"Na década de 90 fomos surpreendidos com a epidemia de LER. Hoje são os casos de adoecimento, que podemos medir não só pelos afastamentos, mas também pelas queixas dos bancários. A cada ano que passa aumenta o uso de remédios de tarja preta. Um quarto da categoria toma esse tipo de medicamento na Bahia. Precisamos estabelecer mecanismos para mudar essa realidade, a fim de prevenir o adoecimento dos bancários. Não é um desvio pontual, como alega a Fenaban, mas é fruto do modelo de gestão dos bancos", afirma Emanoel Souza, presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe.

O debate sobre metas abusivas e assédio moral continuará após o próximo dia 25, quando ocorrerá uma reunião do Grupo de Trabalho sobre Adoecimentos, onde os bancos ficaram de apresentar dados sobre os afastamentos por doenças.

Isonomia de direitos para afastados

O Comando defendeu também a isonomia de tratamento e de direitos para os bancários afastados do trabalho por acidente de trabalho e motivo de saúde. Hoje quem se afasta possui menos direitos, como apenas seis meses de cesta-alimentação e suspensão do pagamento da PLR.

"Queremos melhorias para os afastados do trabalho, buscando isonomia de tratamento com os demais bancários e bancárias. Hoje quem se afasta é duplamente penalizado: está doente e recebe menos direitos. Isso não pode continuar. Precisamos avançar e conquistar isonomia para os afastados", salienta Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

A negociação sobre saúde e condições de trabalho prossegue nesta quarta, que deve tratar de reabilitação profissional, manutenção dos planos de saúde na aposentadoria, PCMSO, Cipa e Sipat, dentre outras reivindicações.
 
Avaliação
 

 O diretor da Fetrafi-RS e representante no Comando Nacional, Juberlei Bacelo destaca que os bancos não se preocupam com a vida dos trabalhadores do setor. 'O foco da Fenaban está nos recordes de lucratividade. Não interessa aos bancos se este lucro é obtido graças à deterioração das condições de trabalho e da saúde dos bancários. Convocamos a categoria para garantir uma grande mobilização nesta campanha salarial. Somente mostrando força, organização e grande poder de pressão será possível alterar esta lógica", enfatiza o diretor da Fetrafi-RS.


Calendário de negociações

Ficou também definido o calendário das próximas negociações com os bancos.

Agosto
20 - 8h30 às 13h: Saúde e condições de trabalho
27 - 10h às 18h: Igualdade de Oportunidades e Segurança Bancária
28 - 8h30 às 13h: Igualdade de Oportunidades e Segurança Bancária

Setembro
3 - 13h às 18h: Emprego e Remuneração (PCS e piso)
4 - 10h às 18h: Emprego e Remuneração (PCS e piso)
10 - 13h às 18h: Remuneração (índice, PLR e auxílios)
11 - 10h às 18h: Remuneração (índice, PLR e auxílios)
 
*Contraf/CUT com edição da Fetrafi-RS