O ex-presidente estava convocando os mais de 600 presentes a
se empenhar em dois temas apontados por ele como prioridade para 2014. As
eleições e o plebiscito popular pela reforma política.
"O que está em jogo nas próximas eleições é decidir se vamos
subir mais um degrau ou descer outros”, alertou. Ao lembrar da necessidade de
os governantes estarem próximos ao povo, Lula desafiou: "Tem candidato que não
nasceu pra isso, eles só governam para o andar de cima”.
"Acredito que não há compromisso maior para nós, até o dia 5
de outubro, que as eleições”, disse. Lula propôs à direção da CUT a realização
de plenárias sindicais em todos os estados do Brasil, para que ele possa
participar.
Lula disse também que o debate em torno das eleições tem de
ser feito de cabeça erguida. "Vamos lembrar do que nós éramos e o que a gente
se tornou”. O ex-presidente abordou o tema da corrupção. "Quero tocar nesse
assunto porque sei que alguns ficam constrangidos. Nós vamos enfrentar esse
tema, sem medo. Estamos preparando material para fazer esse debate”. Segundo
ele, a principal diferença, neste quesito, entre governos anteriores é a
disposição de combater desvios. "Nós tiramos o tapete da sala. Antes se jogava
tudo para baixo desse tapete, agora não”.
Ao falar da campanha do plebiscito Lula lembrou que será uma
oportunidade para atualizar a agenda política brasileira. "Imaginem quantos não
sabem, não conhecem essa luta de vocês. Temos que mostrar a história,
especialmente aos jovens. Não foi fácil fazer uma coisa plural como a CUT, onde
a porta sempre esteve aberta. Mas se não tivéssemos feito, não estaríamos aqui,
na central mais importante da América Latina e quem sabe, do mundo”, disse
Lula.
Vagner Freitas, presidente da CUT, falou antes de Lula. Foi
mais incisivo que o ex-presidente da República ao falar de eleições. Lembrou
que melhora ou mesmo a implantação recente de políticas públicas nasceu da
experiência e da formulação de propostas da CUT e dos movimentos sociais. Citou
como exemplo a política de valorização do salário mínimo, "a maior conquista do
governo Lula, construída junto com o movimento sindical, por intermédio de
mobilização, de marchas a Brasília. Pois há economistas ligados a certos
candidatos que dizem que o salário mínimo está alto demais, que isso atrapalha
o País”, disse.
E alertou: "Precisamos ficar alertas. Não podemos permitir
retrocessos nessas eleições”. "Aqui neste plenário estão aqueles que podem
continuar mudando o Brasil”, completou.
Vagner destacou a necessidade de todos os sindicatos,
dirigentes e militantes contribuírem para a divulgação do plebiscito popular
pela reforma política e ajudarem na coleta de votos durante a Semana da Pátria,
de 1º a 7 de setembro. "O conjunto do Congresso não representa o povo. Parte
importante dos deputados e senadores está hegemonizada pelo poder econômico. Se
isso não mudar, vamos continuar sempre tendo de correr até Brasília para brigar
com eles e impedir que eles aprovem medidas contrárias aos direitos dos
trabalhadores e trabalhadoras”, disse, citando o projeto que libera as
terceirizações como exemplo.
O prefeito de Guarulhos e ex-dirigente da CUT, Sebastião
Almeida, afirmou que o ano de 2014 é "mais um momento histórico” para o Brasil
e que "é impossível pensar e entender esse País sem contar a história da CUT”.
A 14a Plenária está sendo realizada no Centro Municipal Educação Adamastor,
centro de Guarulhos.
Também ex-dirigente da CUT e hoje assessor especial da
Secretaria Geral da Presidência da República, José Lopez Feijóo afirmou que a
filosofia dos três últimos governos é o diálogo, a negociação e a participação
social. "E há aqueles que se opõe abertamente à participação popular. Mas são
sempre os mesmos. Porém, aqui neste espaço estão aqueles que sabem da
importância dessa conquista”, afirmou, em referência a decreto que cria o
Sistema Nacional de Participação Social.
Vitor Baez, da CSA, destacou a inserção brasileira na agenda
internacional tratou o País como "gigante diplomático”. João Felício,
recém-eleito presidente da CSI, fez um apelo em defesa do povo palestino.
"Provavelmente o povo que mais tem sofrido perseguição política, agressões e
preconceito. A CUT, que nasceu e vive das lutas populares, está sempre ao lado
daqueles que combatem as tiranias”.
Vice-presidente da CUT, Carmen Foro comemorou a participação
das mulheres nessa 14a Plenária, em que são 43% da delegação. "Estamos nos
aproximando da paridade”, comentou.
Sérgio Nobre, secretário –geral, destacou o papel dos
trabalhadores e trabalhadoras da CUT na organização da Plenária. "É um grupo
porreta, de qualidade”, disse.
Do outro lado, um vilão não foi esquecido. O banco
Santander, que recentemente distribuiu mensagem alertando para riscos na
economia brasileira e interferiu de maneira intrusa no processo eleitoral. "Se
é ruim pro Santander, é bom para o Brasil”, afirmou Vagner Freitas. Para Lula,
quem redigiu aquela mensagem "não entende p.... nenhuma de Brasil”.
*CUT
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