O resultado apontou que 57% dos ouvidos são contra a venda,
enquanto 28% são a favor, 12% não souberam ou não opinaram e 3% não são
favoráveis nem contrários à venda. O maior percentual contrário à venda foi
verificado entre os mais velhos, acima de 55 anos, faixa em que 64% das pessoas
são contrárias. Já entre jovens de 18 a 24 anos, 45% são contra e 31% são a
favor, indicando uma divisão maior, sem uma maioria contrária ou a favor da
privatização. Mas 19% não sabem ou não responderam.
Na distribuição do eleitorado, a pesquisa indica que a
ausência de uma maioria contra ou a favor da medida é verificada na fatia que
vota em José Ivo Sartori (MDB) - 49% indicam ser contra a venda, e 38% são
favoráveis. Eleitores de Eduardo Leite (PSDB) e Jairo Jorge (PDT) têm
comportamento muito semelhante: 62% são contra a alienação de ações, e 26% a
favor nos segmentos pró-Jairo Jorge, e 60% são contra e 26% a favor na fatia
pró-Leite.
A maior fatia (74%) de contrários à venda é identificada com
Miguel Rossetto (PT). Apenas 18% dos que dizem votar no petista são favoráveis
à venda. A pesquisa não desagregou dados para eleitores de Julio Flores (PSTU),
Mateus Bandeira (Novo) e Roberto Robaina (PSOL).
Ibope mostra opinião
por gênero, escolaridade, renda e residência
O Ibope mostra ainda que entre os gêneros, homens e mulheres
têm percentuais convergentes quando se trata de não aceitar a venda (57%), mas
o apoio à medida é maior entre homens (30%) e menos entre as mulheres (26%). No
critério de escolaridade, todos os níveis são majoritariamente contra a venda,
mas o percentual é menor entre quem tem Ensino Médio (54%) e maior em quem tem
até a quarta série do Ensino Fundamental (66%).
Em relação à renda, pessoas com maior renda se dividem mais
sobre a escolha - 50% dos que ganham
acima de cinco salários mínimos são contra e 42% são favoráveis. Já 61% de quem
ganha até dois salários é contra e 21% favoráveis. Eleitores com renda entre
dois e cinco salários, são contrários (57%) e a favor (32%) à alienação de
parte do capital.
Quando o critério é residência, as pessoas que moram no
interior rechaçam mais a venda - 58% são contrárias, e 27% favoráveis. Na
Capital, 53% são contra e 29% a favor. Dos que residem na periferia, 53% são
contra e 30% a favor da venda de parte das ações do banco.
Venda de ações do
banco volta à cena
Na campanha eleitoral, o único candidato ao governo que
mostra ser favorável à privatização do Banrisul é Mateus Bandeira. Os demais
apontam a intenção de manter o banco público e intensificar o seu papel no
desenvolvimento regional. O candidato Jairo Jorge diz que quer formar um fundo
que receberia lucros e dividendos do banco para investir em educação.
A maior parte das ações com direito a voto (ordinárias) está
nas mãos do Estado. Para abrir mão desse capital, o governo estadual precisa
convocar plebiscito para que os gaúchos se posicionem sobre a venda. O
plebiscito precisa antes ter a autorização da Assembleia Legislativa.
O tema da privatização ressurgiu com tudo desde que o Estado
começou a renegociar os termos de pagamentos da dívida com a União, em 2016 e
2017. Para o governo estadual aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF),
proposto pela União, uma das condições é privatizar ou federalizar estatais.
O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chegou a
sugerir que o Banrisul poderia ser um dos alvos. O governo de José Ivo Sartori
(MDB) negou que isso seria possível. O atual governo vendeu este ano ações
preferenciais, sem direito a voto, somando mais de R$ 537,4 milhões, dinheiro
que foi usado para pagar despesas, como salários dos servidores.
As operações foram questionadas pela B3 (bolsa de valores) e
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) devido ao tipo de oferta e valores,
chegaram a gerar instauração de inquérito na PF por denúncias de que supostas
irregularidades, e depois a CVM considerou que as duas vendas seguiram as
regras do mercado e capitais.
Com as vendas ocorridas em abril, o Banrisul fez comunicado
ao mercado para esclarecer a mudança na fatia do Estado no capital social total
do banco. A participação passou de 50,62% para 49,89%, sendo 201.225.359 ações
ordinárias, 751.479 ações preferenciais classe A, e 2.056.962 ações
preferenciais classe B, o que corresponde aos percentuais de 98,13%, 48,75%, e
1,02%, respectivamente.
O Ibope entrevistou 1.204 eleitores entre os dias 7 e 13 de
setembro. A pesquisa tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou
para menos. O nível de confiança é de 95%. O levantamento, encomendado pela
RBSTV, foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o código
RS-04827/2018.
Informações: Jornal do Comércio (21 de setembro de 2018) |