Setor que mais lucra no Brasil se recusa garantir empregos na CCT
Bancos falam que não vão terceirizar, nem contratar intermitentes ou temporários, mas não colocam na Convenção Coletiva; bancários cobram assinatura.
O Brasil tem 27 milhões de desempregados. A reforma trabalhista do pós golpe, aprovada sob o pretexto de ampliar o mercado de trabalho, resultou no inverso: um em cada quatro brasileiros procuram trabalho e não conseguem. Muitos empregados perdem direitos.
Os bancos, exímios apoiadores do golpe, colaboram fortemente para esse cenário que agrava a crise no Brasil. Desde 2016, eliminaram 40 mil postos de trabalho bancário.
Por isso, na quarta rodada de negociação da Campanha 2018, realizada na quarta-feira (25), o Comando Nacional dos Bancários cobrou dos negociadores da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) uma garantia para os empregos e a contratação de bancários com todos os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho, independente da remuneração ou escolaridade. E que os novos tipos de contratos previstos pela lei pós-golpe, como intermitente, temporário e terceirizado, só possam ser feitos mediante negociação com os sindicatos.
Os bancos reconheceram esses dados e afirmaram não querer promover demissões ou troca de bancários por empregados precarizados. E falam em "confiança” ao se recusar a colocar isso na Convenção Coletiva de Trabalho.
A dirigente lembrou que o que está acontecendo no Brasil já deu errado em outros países. "Esse tipo de legislação que retira direitos, enfraquece o mercado interno, o sistema previdenciário. Todos perdem para o 1% mais rico ganhar ainda mais”, ressaltou Juvandia.
Os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa) e compõem a mesa de negociação, empregam em torno de 90% da categoria. Em 2017 lucraram juntos R$ 77,4 bilhões, aumento de 33,5% em relação a 2016. No primeiro trimestre deste ano já atingiram R$ 20,6 bi em lucro, 18,7% a mais do que no mesmo período de 2017.
"Esse setor que ganha tanto, deve muito ao Brasil e aos brasileiros. Tem plenas condições de contratar mais bancários e ajudar a reduzir a extrema pobreza que desde o golpe só aumentou no país.”
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Nova rodada no dia 1º
O Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban voltam a se reunir em 1º de agosto, em São Paulo, para debater as cláusulas econômicas. Os bancários reivindicam aumento real para salários, vales, auxílios e piso, PLR maior. A categoria cobra ainda respeito à igualdade de oportunidades e de ascensão profissional para todos nos bancos.Â
Principais reivindicações e as respostas dos bancos
CCT para todos
O Comando cobra que a CCT valha para todos os trabalhadores dos bancos, independentemente do nível de escolaridade ou da faixa salarial. Inclusive os hipersuficientes (que têm salários acima de R$ 11.291,60 e nível superior), que representam cerca de 90 mil empregados de bancos públicos e privados, e correm risco de perder direitos da CCT e a PLR. Os bancos não garantiram, mas ficaram de analisar a reivindicação.
Garantia no emprego e contra dispensa imotivada e em massa
Os bancos se negaram a garantir empregos e cláusula contra as demissões em massa, sob o argumento de que isso pode criar problema, travar a entrada e saída do mercado. O Comando lembrou que metade do setor tem trabalhadores estáveis e que isso nunca quebrou nenhuma empresa.
A Fenaban afirma querer avançar neste tema, permitindo um modelo híbrido que mescle uma parte do trabalho em casa e uma parte no banco, para o qual querem apresentar uma proposta. O Comando disse que a proposta deve levar em conta as condições de saúde e que não tenha custo do trabalho para o bancário.
Comissão sobre mudanças tecnológicas
Sobre a criação de uma comissão bipartite para debater, acompanhar e apresentar propostas em razão dos projetos de mudanças tecnológicas e os impactos no emprego bancário, a Fenaban informou que entendeu a mensagem, mas que existe uma preocupação sobre o sigilo das empresas e irá refletir sobre o tema.
O ato homologatório deve ser realizado nos sindicatos diante de sua função fiscalizadora da rescisão contratual e do devido pagamento de todos os direitos dos trabalhadores. Os bancos ficaram de analisar para informar se colocam na CCT, mas querem quitação total do contrato de trabalho após a homologação. Os dirigentes sindicais explicaram que a homologação abrange muita gente e que a quitação total depende de cada bancário.