Bancos | 01/06/2018 | 15:06:21
Colegas do BB apontam para importância da luta política em ano de desmonte do banco e retirada de direitos
Situação da Cassi foi amplamente debatida no Encontro do BB
 
Se há um grupo de bancários que tem sentido a mão pesada do governo Temer entrando nos seus bolsos e saindo cheia de direitos conquistados coim muita luta e mobilização, os colegas do Banco do Brasil fazem parte desse grupo. E isso ficou muito claro no Encontro Estadual dos Bancários do BB, realizado no dia 19 de maio, na sede da Fetarfi-RS em Porto Alegre. A consciência de que a Reforma Trabalhista aprovada em julho na Câmara dos Deputados e que começou a valer em novembro passado já ganhou os locais de trabalho. Os colegas sabem muito bem quem está por trás dessa onda de desmonte do Banco do Brasil, o que a atual direção (e por conseguinte) o governo federal, chama de reestruturação.
Ora, não tem nada de reestruturação avisar colegas, em 2016, 10 dias antes de um programa de demissão voluntário. Não tem nada de reestruturação fechar agências bancárias do dia para a noite e realocar colegas sem negociar, sem avisar e sem fazer qualquer estudo de viabilidade. Mudaram a vida de famílias inteiras mudando bancários de local de trabalho. Mexeram nos salários de um monte de colegas do BB, simplesmente mudando critérios de comissionamento ou descomissionando de forma abusiva. A mão grande tem cara e rosto e atende pelo nome de golpe nos nossos direitos.
Colegas do BB apontam para importância da luta política em ano de desmonte do banco e retirada de direitos

A boa presença de colegas no Encontro Estadual dos Bancos Públicos também mostrou que o tempo é de um alvorecer de resistência e luta por direitos. Os colegas sabem muito bem que a Campanha Salarial 2018 será muito difícil por causa do fim da ultratividade, quer dizer, se os banqueiros da Fenaban ou a direção do BB na mesa específica não quiser renovar o acordo coletivo anterior enquanto o novo não é assinado, tudo aquilo por que lutamos em muitas greves nos últimos 15 anos pode ser levado embora de um golpe só.

Cassi na ponta da língua

A diretora do SindBancários e funcionária do Banco do Brasil, Bianca Garbelini, lembrou que os debates mostraram um excelente nível de percepção a respeito da importância da luta pela manutenção dos direitos conquistados. A questão da Cassi, que o Banco quer se livrar e reduzir a participação para que os bancários paguem mais, inclusive retirando os benefícios de novos concursados, está na ponta da língua de muitos colegas.

O fato de os colegas das Superintendências estarem enfrentando reduções arbitrárias de vencimentos não é mais motivos de medo, mas começa a virar motivo para participar da luta. A participação do colega coordenador da Comissão de Empresa do BB, William Mendes, ajudou e muito os participantes a compreender o que está em jogo nesta Campanha Salarial.

Não é teoria da conspiração

Não se trata, portanto, de os colegas do BB acharem mais que há uma teoria da conspiração em cada palavra que os dirigentes sindicais falam sobre uma estratégia organizada de golpe nos nossos direitos que se traduz na Reforma Trabalhista. Está caindo a ficha para a importância histórica dos sindicatos e da mobilização na Campanha Salarial 2018. "Para além das pautas corporativas, conversamos muito sobre a importância de a categoria debater a política. Há colegas que fazem em tom de alerta um chamado a que outros colegas se informem mais sobre quem, da cena política, está do lado dos trabalhadores e quem não está nas eleições”, explicou Bianca.

Esse cenário de ciência da própria luta é um reconhecimento ao esforço que os Sindicatos têm feito para demonstrar que a Reforma Trabalhista, a terceirização e a Reforma da Previdência (ainda não votada) recebem votos favoráveis de deputados e senadores representantes de grandes empresários que irão se beneficiar dessas mudanças. "Por exemplo, deputado que quer que acabar com a previdência pública e fica dizendo que tem deficit, certamente votaria a favor da reforma da previdência para atender interesses de empresas privadas de previdência”, exemplificou a diretora.

Diretoria teleguiada para o desmonte

Os pontos de pauta levantados pelos colegas, como o a questão da Cassi, os descomissionamentos e o desmonte do Banco do Brasil para vender serão levados à reunião dos bancos públicos no Encontro Nacional de 7 e 8 de junho em São Paulo. A denúncia de que o fechamento de agências e a redução do quadro funcional sem reposição também será levada.

Afinal, diretorias teleguiadas por governos federais que querem ver as empresas públicas como privadas fazem o serviço sujo: reduzem o quadro, fecham agências para aumentar filas. Os bancários passam a trabalhar mais, as metas ficam mais abusivas, as cobranças viram assédio moral, os bancários adoecem e o que os clientes dizem? Que um gigante como Banco do Brasil não funciona e tem mais é que ser vendido. A nossa luta é por preservar o Banco do Brasil público, para preservar condições de trabalho e o papel de um banco que ajuda o país a crescer e escapar de crises.
 
Informações: SindBancários Porto Alegre