"Se não houver um forte abalo social no país, não sairemos desta
situação jamais. Ela continuará ad infinitum. Por isso, o papel do
sindicato é fundamental nisso tudo, pois tem o contato direto com o
trabalhador, que pertence à categoria dos pobres”, afirmou.
O jornalista e diretor da CartaCapital abriu na terça-feira (4) o
Ciclo de Debates que a CUT-SP fará neste semestre. Na mesa "liberdade de
expressão em tempos de golpe”, Mino fez uma análise política e
econômica de diferentes momentos do Brasil e avaliou a posição da mídia
hegemônica, que sempre esteve a serviço dos interesses da classe
dominante.
Ao falar sobre governos reacionários, que promovem perdas e ampliam o
lucro de grandes empresários, Carta diz não existir a possibilidade de
conciliação por parte dos movimentos populares com os grupos dominantes,
sendo necessário realizar um enfrentamento para uma profunda mudança
social. "A Casa Grande é irredutível no seu ódio ao pobre, ela não cede
nada e isso é preciso entender de uma vez por todas”.
Sobre a democratização da mídia, ele acredita que esse processo
ocorre de forma natural, desde que haja democracia no país. "Aqui (no
Brasil) não existe. Um país tão desigual não pode ser democrático”,
pontou.
Jornalismo honesto
De origem italiana, Mino foi responsável pela criação de publicações
como Quatro Rodas, Veja, IstoÉ e Jornal da Tarde, consagrando-se como um
dos grandes comunicadores do país. Em 1994, fundou a revista
CartaCapital como uma alternativa editorial às revistas semanais, sempre
alinhadas ao mesmo discurso.
No encontro com os dirigentes da CUT-SP e de seus sindicatos, ele
falou sobre a carreira e de como os tempos de golpe construíram sua
experiência política. "A ditadura me formou e ali observei o que é o
jornalismo. Ele serve para abrir a cabeça dos leitores e iluminar as
situações que vivemos”, disse.
Também falou da importância da comunicação como ferramenta de apoio
aos trabalhadores, desde que os veículos pratiquem o que chama de
"jornalismo honesto”, quando contribuem com uma visão crítica aos
acontecimentos.
No Ciclo de Debates, a revista lançou uma promoção para a assinatura
de sindicatos, federações e confederações cutistas. Para acessar é só
entrar no link http://assinecarta.com.br/cut e preencher o cadastro. Fortalecer a CartaCapital
Mino falou para um auditório lotado, que contou com dirigentes de
sindicatos de diversas categorias, assessores e comunicadores que
pautaram o apoio da mídia no golpe que tirou a presidenta Dilma Rousseff
e que segue atacando conquistas da classe trabalhadora.
Presidente da CUT, Vagner Freitas falou sobre a disputa com o
oligopólio da comunicação. "Temos tudo o que a direita não tem que é um
partido consistente e uma liderança popular, mas eles têm recurso
financeiro. O que faz a direita levar vantagem sobre nós é que ela
dominou os meios de comunicação e uma há uma desigualdade nisso. Alguém
aqui tem dúvida de que o golpe só foi possível por causa da Globo e
adjacências? Sem o apoio da mídia tradicional isso não aconteceria. A
Globo é o maior partido de oposição do Brasil”, afirmou.
Em oposição a isso é que personalidades como Mino Carta demonstram
resistência, completa a secretária de Comunicação da CUT-SP, Adriana
Magalhães. "A trajetória dele é de luta pela democracia e de luta para
que seja praticado o bom jornalismo, mostrando o contraponto e apontando
para um projeto de país. Jornalismo como o da CartaCapital serve de
instrumento de formação e de disputa para a classe trabalhadora”,
avalia.
O secretário-geral da CUT-SP, João Cayres, defendeu o apoio aos
canais de comunicação que fazem o contraponto. "O golpe não se dá apenas
quando os grandes meios defendem a reforma trabalhista e mudanças na
Previdência, mas quando argumentam sobre o fechamento de institutos e
fundações de pesquisas, quando apontam para o fim da Petrobrás, quando
defendem entregar a Base de Alcântara para os EUA, situações que ferem
diretamente nossa soberania nacional. É contra isso que lutamos. É por
isso que defendemos o fortalecimento de veículos como a CartaCapital”,
disse. Para o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, o encontro serviu para
estreitar as relações entre as entidades cutistas e a CartaCapital no
estado de São Paulo. "Será o primeiro de muitos”, garantiu. A atividade
contou com transmissão ao vivo pelas redes sociais da CUT-SP que
alcançou mais de 40 mil pessoas.
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