Os eixos centrais da campanha são: reposição da inflação do
período mais 5% de aumento real, valorização do piso salarial, no valor do
salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24 em junho), PLR de três
salários mais R$ 8.317,90, combate às metas abusivas, ao assédio moral e
sexual, fim da terceirização. Além da defesa das empresas públicas e dos direitos
da classe trabalhadora, ameaçados pelo governo interino de Michel Temer.
Durante a reunião desta quarta, a Fenaban afirmou que os
bancos remuneram mais do que outros setores, e que o piso dos caixas, por
exemplo, é superior ao salário médio do país. Os bancos avaliaram que o
reajuste precisa ser analisado com muito cuidado, para que consigam garantir
emprego, e ainda jogaram com a expectativa de inflação mais baixa para tentar
justificar a falta de disposição em valorizar os funcionários e atender às reivindicações.
"Nesta argumentação os bancos ocultam que estamos negociando
com o setor que mais lucra. Entre 2003 e 2016, por exemplo, os lucros cresceram
mais de 150%, enquanto a remuneração média dos bancários cresceu só 14,9%,
abaixo do crescimento do ganho real acima da inflação, que foi cerca de 16%.
Mas o nosso debate não é só sobre números, temos uma série de outras
reivindicações importantes, como emprego, saúde, segurança, igualdade de
oportunidades. Queremos que os 128 artigos da nossa pauta de reivindicações
sejam considerados,” afirma Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e
um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários.
Emprego
A defesa do emprego é prioridade na Campanha Nacional. Entre
2012 e 2015, mais de 34 mil postos de trabalho foram reduzidos. Só neste ano,
houve corte de quase sete mil vagas. Por isso, os bancários reivindicam o fim
das demissões, da rotatividade e pedem mais contratações. A preocupação com as
agências digitais também está sendo abordada pelos bancários.
Apesar dos números alarmantes apresentados pelos dirigentes
sindicais, a Fenaban transferiu a responsabilidade das demissões para os
funcionários, alegando que nos casos de saída com mais de 20 anos de trabalho,
cerca de 40% são a pedido dos funcionários. Informações que contradizem os
dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do
Ministério do Trabalho. Pesquisa do Emprego Bancário, elaborada pelo Dieese, a
partir das informações do Caged, revela que do total de desligamentos, de
janeiro a junho deste ano, 62% foram por demissão sem justa causa, perfazendo
10.916 demissões. Por outro lado, os desligamentos a pedido do trabalhador
representaram apenas 28% do total.
"Não houve avanço nas principais reivindicações da
categoria. Os bancos dizem que não podem garantir empregos e ainda não
definiram o índice de reajuste para a categoria, principal responsável pelos
seus lucros bilionários. Os cinco maiores bancos ganharam, somente no semestre,
R$ 29,96 bilhões, sendo o setor mais rentável da economia. Não existe crise
para eles e, mesmo com tanto dinheiro, demitem os trabalhadores e aumentam as
taxas de juros para os clientes", disse Juvandia Moreira, vice-presidenta
da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
"Esperamos que a Fanaban apresente no dia 29 uma proposta condizente com
os ganhos dos bancos".
Sem avanços no debate
Também não houve sinais de avanços no debate das demais
reivindicações da minuta entregue no início do mês, em 9 de agosto, como a
extensão do vale-cultura (lei expira em dezembro), auxílio educação,
parcelamento do pagamento das férias e atendimento médico e psicológico aos
familiares dos bancários vítimas de sequestros e assaltos aos bancos. Sobre a
reclamação dos trabalhadores em relação à revista, que têm sido submetidos nas
agências, a Fenaban afirmou que os casos precisam ser discutidos entre os
sindicatos e cada banco, para que não haja abusos.
Igualdade de Oportunidades e Saúde
A igualdade de oportunidades também é destaque na pauta de
reivindicações. O Comando Nacional exige o fim das discriminações nos salários
e na ascensão profissional de mulheres. Só que mais uma vez os bancos colocaram
nas costas das mulheres o peso da falta de ascensão profissional, justificando
que as bancárias não chegam ao topo dos cargos por várias razões, dentre elas,
porque muitas interrompem, e mais tarde retomam, a carreira profissional.
Uma análise muito diferente na comparação com mais dados do
Caged. Pesquisa do Emprego Bancário também demonstra que as 5.371 mulheres
admitidas nos bancos no primeiro semestre de 2016 recebem, em média, R$
3.101,62. Esse valor correspondeu a 73,2% da remuneração média auferida pelos
5.484 homens contratados no mesmo período, que foi de R$ 4.235,69.
No momento do desligamento também se observa diferença na
remuneração entre homens e mulheres. As mulheres que tiveram o vínculo de
emprego rompido nos bancos no primeiro semestre do ano receberam R$ 5.507,00,
que representou 72,8% da remuneração média dos homens desligados dos bancos no
período.
"Nós colocamos uma centralidade no debate sobre mulheres
bancárias, principalmente porque na conjuntura atual tem havido uma ampliação
dos ataques físicos e psicológicos às mulheres, um desemponderamento. Isto tem
refletido no mercado de trabalho, pois a escolha das promoções tem caráter
subjetivo e é impactado por esses reflexos sociais. Retornaram aos locais de
trabalho o desrespeito e assédios, inclusive o sexual. Isso precisa mudar”,
alerta o presidente da Contraf-CUT.
Sobre as demandas de saúde também não houve novidades. Os
dirigentes sindicais revindicam o fim das metas abusivas e do assédio moral. Há
cinco anos, os bancários conquistaram instrumento de prevenção e combate ao
assédio moral, previsto na cláusula 56ª da Convenção Coletiva de Trabalho
(CCT). No ano passado foi conquistada a cláusula 57, que podetrazer uma
possibilidade de interferir na gestão e cobrança de metas, melhorando,
continuamente as relações de trabalho. Mas tudo isso precisa ser aprimorado.
O Comando Nacional também quer mudanças no processo de
retorno ao trabalho, e que os bancos assegurem condições seguras e saudáveis
para reinserção do trabalhador que volta da licença-saúde.
"Ter um ambiente saudável e seguro é responsabilidade dos
bancos para que os bancários tenham um emprego decente. Esperamos ver todas as
nossas reivindicações atendidas”, conclui Roberto von der Osten.
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