Um constrangimento para os governistas foi criado hoje (28)
no Senado, durante a visita do ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo
Pérez Esquivel, à casa. Após breve encontro com senadores petistas, o arquiteto
e ativista de direitos humanos argentino foi levado ao plenário, onde ocorre
uma sessão deliberativa extraordinária. Ao avistá-lo, o senador Paulo Paim
(PT-RS), que presidia a sessão, pediu licença para conceder a palavra ao
argentino. Segundo o parlamentar gaúcho, Esquivel queria fazer "uma saudação de
paz aos senadores”.
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O problema veio quando Esquivel disse que o Brasil está
prestes a sofrer um "golpe de Estado”. O Nobel da Paz repetiu o que já havia
dito hoje, um pouco mais cedo, ao sair do Palácio do Planalto, após encontro
com a presidenta Dilma Rousseff. Ele comparou o processo de impeachment de
Dilma ao
que ocorreu em Honduras e no Paraguai, com a destituição dos presidentes Manuel
Zelaya, em 2009, e Fernando Lugo, em 2012.
"Acima dos interesses partidários estão os interesses do
povo do Brasil e de toda América Latina”, afirmou o ativista argentino. Ele
disse esperar que saia a melhor decisão do Senado pelo bem da democracia e da
vida do povo brasileiro.
Parlamentares da oposição reagiram na hora à manifestação de
Esquivel, lembrando que, em uma sessão ordinária, só senadores têm direito a
falar. Os oposicionistas disseram que Paulo Paim, que comandava a sessão, não
poderia ter aberto uma exceção para isso. Paim se desculpou e "jurou” que não
sabia o que o argentino iria falar. O senador Athaides Oliveira (PSDB-TO)
chegou a propor uma moção de repúdio, mas foi convencido a recuar e se
contentou em pedir apenas que a declaração fosse retirada dos anais da sessão. *Agência Brasil
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